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Klaus Scarmeloto

Os Grandes Expurgos: dos processos de Moscou aos arquivos de Trotsky (em correção e ampliação)

Atualizado: 26 de set. de 2020




Por Klaus Scarmeloto

“A propósito, existem progressivos vestígios significativos de que os julgamentos russos não são uma farsa, mas sim que existe um complô entre os que veem Stálin como um reacionário estupido que traiu as ideias da revolução, mesmo conosco entendendo que é difícil pensar nesse tipo de questão interna, os que conhecem bem a Russia tem mais ou menos a mesma opinião. Eu estava fortemente convicto, de início, que era um caso de atos despóticos de um ditador, baseado em mentiras e decepções, mas isso era uma ilusão”.[1] ALBERT EINSTEIN
"Em 1992, durante o curto período de “transparência” no governo de Yeltsin, os apelos ao Tribunal do Soviete Supremo de dez dos réus dos Julgamentos de Moscou foram publicados no Jornal Izvestiia. Todos os réus em questão haviam sido condenados com base nas suas próprias confissões e nas acusações de outros réus. Se eles nunca tentaram retirar suas confissões e proclamar inocência esta seria a sua última chance de fazê-lo. Nenhum deles o fez, nem confirmaram tortura. Cada um deles confirmou a sua própria culpa". [2] Grover Furr (Professor na Universidade de Montclare)

No Corpo Diplomático, não há unanimidade de opinião em relação ao testemunho com referência ao acordo de Trotsky com o Japão e a Alemanha. A racionalização de tal plano, como calmamente discutido e justificado por Sokolnikov e também por Radek, pesou sobre alguns, que apontaram que era consistente com a conduta de Lênin em adquirir poder através do uso das forças armadas alemãs em 1917 e com a ascensão do Social Democratas na Alemanha fora das brasas da guerra. Com outros, essa parte do testemunho foi descontada. Mas todos concordam que o estado estabeleceu um caso de conspiração contra o atual governo. [3] (Joseph. E. Davies Ex-Embaixador dos EUA na URSS)

  • Neste Texto, pretende-se iniciar a comparação dos arquivos de moscou com os arquivos pessoais de Trotsky, ainda que sem o objetivo de esgotar uma temática tão rica e cheia de nuances. Nosso objetivo, não poderia ser outro senão averiguar a procedência inicial da investigação de J. Arch Getty, no decorrer dos anos de 1980 nos arquivos pessoais de Trotsky — também sustentada pelo historiador Grover Furr e até pelo trotskysta Pierre Broué —, que teriam constatado a ressonância entre as acusações feitas contra Trotsky nos processos de Moscou em seus arquivos pessoais localizados em Harvard que, segundo os historiadores, em tela, confirmaria razoavelmente a veracidade dos agentes inquisitórios soviéticos graças aos próprios descuidos de Liev Davidovich Bronstein e sua família.

  • No entanto, não poderemos, ainda neste artigo, trazer à tona as dissonâncias entre as visões subjetivas de Trotsky em comparação com essas evidências e, assim, mostrar o quão distante esteve o discurso do “Napoleão Vermelho”, de boa parte de sua militância consequente, em relação a sua prática política real que, infelizmente, provou-se completamente antissoviética. Tal tarefa exige a posse das evidências em si e de suas análises, o que segue fora do alcance imediato, por isso, delimitou-se aqui a indicação de sua a existência nos arquivos de Trotsky e seu elo com a incriminação realizada durante os julgamentos de Moscou.

  • Pelo mesmo motivo, não será viável comentar o curto período de Krupskaya na oposição, e a possibilidade de isso servir a defesa de Trotsky, bem como os depoimentos das secretárias de Lenin, porque não possuímos ainda todas as evidências necessárias para efetuar a comparação em seu todo nos mínimos detalhes. Pois, sem acesso a tais evidencias em si, não se pode prosseguir para fazer, com qualidade, tais comparações, ou seja, a fim de obter máximo êxito, seria necessário averiguar as evidências bem como todos os historiadores que já o fizeram. Aqui, neste primeiro momento, optaremos por apenas abrir o caminho para no futuro finalizar esse debate, é o possível neste instante.

  • Do mesmo modo, no momento, também não poderemos avaliar os depoimentos de Harry Haywood, W.E.B. D.U. B.O.I.S., sobre as relações de Trotsky com os EUA, a acusação contra Trotsky de atuar em colaboração com o FBI, e também, nem comentaremos sobre a relação dos trotskystas no Norte da América, com as ditaduras latinas e, também, da américa central caribenha que ressoa em todas as revoluções nessas regiões.

  • ´Por falta de maiores acessos as evidências, não trabalharemos as referências que os ligam ao Japão, trazidas por Ho Chi Minh, Zhou En-lai e Mao Zedong.

  • Nem investigaremos, por hora, se os trotskystas atuaram, a mando de Trotsky, em conluio com o nazifascismo nas seguintes controvérsias: na Espanha de Franco; no Assassinato de Alex Mailov, secretário da embaixada soviética em Lvov, Polônia, por agentes da OUN, organização de nacionalistas ucranianos e financiada pelos nazistas; o Assassinato do premier Ion Duca da Romênia pelos Guardas de Ferro, terroristas nazi-romenos; em fevereiro de 1934: Levante em Paris, França, da Croix de Feu, organização fascista francesa de inspiração nazista; a Tentativa de golpe de estado na Estônia em março de 1934, pelos lutadores da liberdade, organização fascista financiada pelo nazismo. Golpe de estado fascista na Bulgária em Maio de 1934; tentativa de Putsch na Latvia pela Fraternidade Báltica controlada por nazistas em 1934; Junho de I934 o assassinato do General Bronislav Pieradd, ministro polonês do Interior, por agentes da OUN, organização dos nacionalistas ucranianos financiada pelo nazismo; o Assassinato de Ivan Babiy, chefe da organização de Ação Católica na Polônia, por agentes da OUN em Junho de 1934; Tentativa de levante popular na Lituânia pela organização nazista dos Lobos de Aço, em Junho de 1934; Putsch nazista abortivo, na Áustria e o assassinato, do chanceler Engelbert Dollfuss por terroristas nazistas em junho de 1934; Assassínio do Rei Alexandre da Iugoslávia e do ministro francês do Exterior Barthou por agentes da Ustachi, organização fascista da Croácia controlada por nazistas, em Outubro de 1934. Além dessas hipóteses, sobre qualquer golpe Nazista, inclusive as vésperas da Segunda Guerra Mundial.

  • Após a criação da CIA e a Morte de Trotsky, as atuações antissoviéticas de seus seguidores não se cessaram, poderíamos averiguar também se elas podem acrescentar a esse debate invocando em Cena o Belga Ludo Martens, que procurou demonstrar como a atuação do trotskismo serviu o imperialismo por anos, no entanto, ainda restaria necessário recolher mais evidencias para o plano da comparação e, por isso, não trabalharemos imediatamente esse tema.

  • Abordar todas essas evidencias acima, seria importante porque todas elas se ligam de algum modo ao objetivo central de Trotsky de derrubar a burocracia e de fazer a revolução mundial.

  • Por se tratar de um tema polêmico, procurou-se durante o texto mostrar que os indícios de uma conspiração contra o Estado soviético, valendo-se da oposição como ponto de partida, existiam ainda aos tempos da chamada “era Lenin” e até mesmo antes, no POSDR, alçamos para tanto o resumo feito por Bill Blind das divergências históricas de Lenin com Trotsky, admitido pelo Trotskysta Isaac Deustcher, que acaba, ainda que sem intenção, como demonstraremos, autenticando os depoimentos dos espiões estadunidenses e britânicos na Rússia e na futura URSS. Da posse desses indícios e de uma pequena análise de sua autenticidade acerca da coerência comparativa deles diante de outras provas, deu-se prosseguimento a explicação do que originou os grandes expurgos na URSS, mais precisamente, o assassinato de Sergei Kirov.

  • Contestamos, por óbvio, toda e qualquer tese que convalide os expurgos como decisão subjetiva do governo soviético a fim de eliminar a oposição, porque tais assertivas não possuem respaldo empírico para além de depoimentos e configuram o mero plano das opiniões, são somente a palavra da oposição, seus testemunhos e de seus apoiadores internacionais.

  • Sem esgotar a totalidade do tema dos grandes expurgos, assunto deveras extenso, e normalmente lançado em livro aparte por todos historiadores especializados, mostramos aqui a visão de Trotsky sobre o ocorrido inicial, o gatilho dos expurgos, isto é, seu ponto de vista tanto sobre Sergei Kirov e também acerca de seu assassino Leonid Nikolaev.

  • Ao fim dessa jornada que segue utilizando metodologia comparativa de fontes primárias, procuramos evidenciar como os indícios dão conta de cristalizar o entendimento de que os arquivos de Trotsky estão sendo alterados, justamente por serem comprometedores a ele e a seus partidários sendo, assim, sustentamos que os arquivos de Trotsky e os arquivos de Moscou são evitados por boa parte dos antistalinistas de “esquerda”, principalmente no Brasil, por se tratarem de um conteúdo desfavorável a este grupo de pensadores políticos, militantes e etc., pelo qual demonstramos que isso se casa ao objetivo imperialista de difamar o comunismo porque lhe retira do âmbito da prática sadia histórica — reivindicável como modelo de civilização — e o faz retornar ao plano do idealismo abstrato, como utópico, exógeno e não autóctone na melhor das hipóteses.

  • Não pretendemos aqui demonizar Trotsky, apenas revelar a verdade para que a própria superação dialética de dicotomias, dentro do campo marxista, seja realizada tendo em vista a veracidade dos fatos e não de maneira grosseira, anticientífica, eclética e banal como procura fazer o oportunismo: que, a todo custo, tenta ou agradar a dois senhores, ou impor a somente um deles a superação do problema o fazendo disfarçar seus pensamentos “stalinistas”.

1. Evidências da Colaboração da 5ª coluna soviética para o assassinato de Sergei Kirov

  • O homicídio de Kirov — o presidente do PCUS em Leningrado e uma das pessoas mais importantes do comitê central do PCUS —, no dia 1 de Dezembro de 1934, veio a dar início à revelação da existência de um grupo que conspirava pela posse da direção do PCUS e do Estado através de violência. A luta política perdida em 1927 tentava, novamente, retornar de outra forma. Agora, não mais pelo método de luta interna pacífica pelo centralismo democrático, mas pela violência racionalizada contra o Estado.

  • A organização terrorista tinha reticulares apoios no PCUS, em todos os níveis: exército, aparelho estatal, indústria, comércio, relações internacionais, até mesmo em setores literários, artísticos e demais setores em todo o país, sendo as características mais importantes de sua atuação: sabotagem industrial, terrorismo e corrupção. Trotsky, foi acusado como o precípuo mentor da oposição que coordenava as ações do exterior e conseguia fundos e contatos para tal. O ataque a indústria causava prejuízos terríveis ao estado e ao povo soviético, um custo econômico gigantesco como, por exemplo, novos meios de produção que se estragavam sem reparação com qualidade baixa, e grande baixa na produtividade nas minas e fábricas.

1.1. Da oposição a Lenin ao assassinato de Kirov: complô pela tomada do poder

  • O Partido que dirigiu o proletariado russo e tomou poder durante a revolução de outubro em 1917 era, de longa data e, essencialmente, heterogêneo em sua concepção ideológica de política nacional e internacional. Essa diversidade política, que levava a divisão no seio do Partido Comunista Russo que mais tarde formaria o PCUS, já o era nos primórdios do P.O.S.D.R. e, foi, sobretudo após a revolução, com muito esforço, contida por Lenin. No entanto, é notório que o Leninismo divergia de Trotsky e Bukharin: como demonstrou nitidamente a controvérsia do tratado de paz em 1918 bem como a NEP em 1921 e, igualmente, de Zinoviev e de Kamenev: tanto na reunião que participaram sobre a oposição a Lenin em 1910 com Trotsky[1], quanto na insurgência de outubro[2] em 1917. Essa divisão no seio dos dirigentes da revolução, antes de tudo, devia-se a adesão ao bolchevismo de diversos membros de correntes estranhas a seus ideais como os sociais-revolucionários e os mencheviques que, em maior ou menor medida, representavam expressões da ideologia burguesa se infiltrando no seio do bolchevismo. Tais adesões ocorreram sem que houvesse de fato vínculo orgânico com os ideais revolucionários dos bolcheviques, isto é, sem qualquer crítica e autocrítica real. De todo modo, o divisionismo “contido enquanto Lenin ainda vivia, tornou-se irremediável depois do desaparecimento do líder carismático.”[3]

  • Nesse sentido, o que garantia a unidade, era em grande medida o respeito a Lenin e a impossibilidade de seus adversários de partido lhe fazerem frente cientificamente, assim, convalida-se o depoimento dos espiões ou agentes estrangeiros atuantes na Rússia no período, que buscavam fazer contato com quem pudesse fazer frente a Lenin, dos EUA, Raymond Robins, e da Grã-Bretanha, Bruce Lockhart: "Não havia um comissário que não olhasse Lenin como um semideus, cujas decisões deviam ser aceitas sem discussão. Se alguma coisa se pretendia na Rússia, só poderia ser feita através de Lenin. Essa conclusão era reproduzida por Raymond Robins."[4]

  • Lenin era composto por imensa simpatia e detinha o respeito de toda a nação, por isso, após sua morte, o oportunismo ganhou um pouco de fôlego para tentar novos ataques usando os mesmos desvios mencheviques ou sociais-revolucionários.[5]

  • Antes de mais nada, é verificável que independentemente dos mais íntimos pensamentos, todos eram obrigados a respeitar Lenin, e talvez, estivessem condenados, desde o princípio, a serem coadjuvantes que jamais poderiam lhe fazer frente, querendo ou não, no entanto, vemos que a oposição a Lenin, explicitamente ou não, tem raízes históricas:

Em resumo, as principais divergências políticas e diferenças violentas entre Lenin e Trotsky são traçadas por datas, se iniciam em 1903, e percorrem até 1922. (...) Havia sérias diferenças entre Lenin e Trotsky. O biógrafo de Trotsky, Deutscher, descreve uma brecha adicional entre Lenin e Trotsky, em 1922, sobre a recusa de Trotsky em aceitar o cargo de vice-presidente do Conselho de Comissários do Povo: Em abril de 1922, ocorreu um incidente que fez muito para obscurecer as relações entre Lenin e Trotsky. Em 11 de abril... categoricamente e um tanto arrogantemente, Trotsky se recusou a ocupar esse cargo. A recusa e a maneira como foi feita irritou Lenin. Durante o verão de 1922 ... a dissensão entre Lenin e Trotsky persistiu. Em 11 de setembro ... Trotsky recusou mais uma vez o cargo... Em 14 de setembro, o Politburo se reuniu e Stalin colocou diante de si uma resolução altamente prejudicial para Trotsky; censurou-o com efeito por abandono do dever. As circunstâncias do caso indicaram que Lênin deve ter levado Stalin a enquadrar esta resolução ou que Stalin pelo menos teve seu consentimento '.[6] [7]
  • Assim, vemos que a oposição a Lenin está mais longe de Stalin do que comumente se propaga, isto é, não se localiza no comitê central da “era de aço”, com Kalinin, Molotov, Kaganovitch, Vouruchilov, mas sim com Trotsky como principal nome, na Rússia, de 1903 a 1924. Após a revolução de outubro quem quisesse instigar uma oposição a Lenin, acabava concluindo que o caminho para isso era centrar-se em Trotsky, os espiões de outros países infiltrados, todos o viam objetivamente como egoísta, superestimado, autoritário, mas brilhante orador e organizador. Foi o que escreveu o agente Raymond Robnins, que de início foi a Rússia para manter Kerensky no poder, como espião estadunidense em missão da cruz vermelha, mas, posteriormente, encantou-se pela atuação heroica de Lenin e dos bolcheviques, e passou a tentar representar sua corporação e seu país na terra dos sovietes, perdendo, futuramente, sua credibilidade nos EUA e até mesmo ficando na mais pura miséria quando regressa a sua nação. Havia também o agente infiltrado, Bruce Lockhart espião britânico, que após se encantar com o país dos sovietes, não mediu esforços para fazer o governo britânico reconhecer o novo governo bolchevique, e que, de início, quando esteve focado em sua missão de achar o núcleo da oposição se tornou um dos melhores amigos de Trotsky, ambos fizeram relatórios aos seus países dizendo que Trotsky era a solução para oposição de Lenin.

O agente britânico e o comissário soviético do Exterior se tornaram logo íntimos. Lockhart dirigia-se a Trotsky familiarmente, chamando-o "Lev Davidóvitch", e sonhava, conforme confessou mais tarde, "realizar um grande golpe juntamente com Trotsky." Mas Lockhart chegou embora com relutância à conclusão de que Trotsky não tinha meios de substituir Lénin no poder. É do seu Agente-Britânico o trecho seguinte:
"Trotsky era um grande organizador, um homem de imensa coragem física. Mas moralmente, era tão incapaz de enfrentar Lenin, como uma pulga um elefante. No Conselho dos Comissários não havia um homem que não pudesse considerar-se em pé de igualdade a Trotsky.
Essa conclusão era partilhada por Raymond Robins: "Eu sempre tive pessoalmente uma dúvida acerca de Trotsky — dúvida sobre o que ele fará, onde estará em determinado tempo e dadas circunstâncias, por causa do seu egotismo extremado e da sua arrogância" — dizia Robins. [8]
  • A oposição a Lenin foi liderada pelo ambicioso comissário soviético das Relações Exteriores, Leon Trotsky, que se considerava o inevitável dirigente máximo num futuro próximo. Durante 14 anos, Trotsky se opôs ferozmente aos bolcheviques; então, em agosto de 1917, alguns meses antes da Revolução Bolchevique, ele se juntou ao Partido de Lenin e subiu ao poder com ele. Dentro do Partido Bolchevique, Trotsky estava organizando a chamada “oposição de esquerda” inicialmente contra Lenin, mas transferida para Stalin.

  • Quando Lockhart chegou a Petrogrado, no início de 1918, o comissário estrangeiro Trotsky estava em Brest-Litovsk, como chefe da delegação de paz.

  • Trotsky fora enviado a Brest-Litovsk com instruções compulsórias de Lenin para assinar a paz. Na contramão de seguir as instruções de Lenin, Trotsky fez apelos inflamatórios ao proletariado europeu para que se levantasse e derrubasse seus governos. Em nome do governo russo, declarou ele que, de forma alguma, faria as pazes com os regimes capitalistas. "Nem paz nem guerra!" Trotsky declarou. Ele disse aos alemães que o exército russo não poderia mais lutar, continuaria a se desmobilizar, mas não faria as pazes.

  • Lenin denunciou com raiva o comportamento de Trotsky nas propostas de Brest-Litovsk e Trotsky -"descontinuação da guerra, recusa em assinar a paz e desmobilização do exército" - como "loucura ou coisa pior"[9]. Mostrando que Trotsky fazia juízo a fama que vinha ganhando. Em 1919-1920, a imprensa mundial apelidou Trotsky de "Napoleão Vermelho", e entre os motivos do apelido se encontrava o espírito aventureiro que o levava a crer que a revolução mundial era tarefa da ordem do dia e uma “conquista” que dependia somente da vontade dos bolcheviques, trabalho esse que ele mesmo subestimava. Um outro motivo foi sua nomeação para comissário de guerra. Trotsky vivia vestido com um sobretudo militar longo e elegante, com botas altas brilhantes, uma pistola automática no quadril, Trotsky percorreu as frentes de batalha, entregando orações ardentes aos soldados do Exército Vermelho. Ele converteu um trem blindado em sua sede particular e cercou-se de um guarda-costas pessoais especialmente uniformizados e armados. Ele tinha sua própria facção no comando do exército, no partido bolchevique e no governo soviético. O trem de Trotsky, a guarda de Trotsky, os discursos de Trotsky, os traços de Trotsky — seu cabelo preto, sua pequena barba preta e pontuda e os olhos esvoaçantes por trás do brilhante — eram mundialmente famosos.

  • O Ministério das Relações Exteriores britânico, como Lockhart posteriormente revelou em seu livro de memórias, mostrou interesse extremo nessas "tensões entre Lenin e Trotsky — controvérsias das quais nosso governo desejava desmedidamente"[10].

  • Consequentemente, o comportamento de Trotsky, levou a catástrofe, as negociações de paz em Brest-Litovsk fracassaram. O Alto Escalão Alemão não queria lidar com os bolcheviques em primeiro lugar. Trotsky, de acordo com Lenin, jogou a Rússia nas mãos dos alemães e "realmente ajudou os imperialistas alemães". No meio de um dos discursos de Trotsky em Brest-Litovsk, o general alemão Max Hoffmann colocou a bota na mesa de conferência e mandou os delegados russos voltarem para casa.

  • Trotsky voltou a Petrogrado e descartou as críticas de Lenin com a exclamação: "Dez dias após o rompimento das negociações de paz em Brest-Litovsk, o Alto Comando Alemão lançou uma grande ofensiva em toda a Frente Oriental, do Báltico ao Mar Negro. No Sul, as hordas alemãs invadiram a Ucrânia plana. No centro, a ofensiva surgiu pela Polônia em direção a Moscou. No Norte, Narva caiu e Petrogrado foi ameaçado. Em toda a parte da frente, os restos do antigo exército russo rachavam e desmoronavam.

  • Mas, muito antes disso, o governo britânico decidiu deixar Trotsky retornar à Rússia. Segundo as memórias do agente britânico Bruce Locknart, o Serviço Britânico de Inteligência acreditava que poderia usar as "dissensões entre Trotsky e Lenin"

Em suas memórias, o agente britânico Bruce Locknart expressa a crença de que o governo britânico cometeu um erro grave no modo como lidou com Trotsky. Locknart escreve: "Não lidamos com Trotsky com sabedoria. Na época da primeira revolução, ele estava no exílio na América. Ele não era nem um menchevique nem um bolchevique. Era o que Lenin chamava de trotskista — ou seja, individualista, um revolucionário com o temperamento de um artista e uma indubitável coragem física, ele nunca fora e nunca poderia ser um bom homem de partido. Sua conduta antes da primeira revolução havia sofrido a mais severa condenação de Lenin, na primavera de 1917 Kerensky solicitou ao governo britânico que facilitasse o retorno de Trotsky à Rússia ... Como sempre em nossa atitude em relação à Rússia, adotamos meias medidas desastrosas. Trotsky foi tratado como um criminoso. Em Halifax ele foi internado em um campo de prisioneiros. Então, tendo despertado, permitimos que ele voltasse para a Rússia ".[11]
  • Sidney Realy, outro espião britânico conhecido normalmente como "Ás do baralho dos Espiões", era um agente secreto a serviço do governo britânico. O que difere Realy em relação aos outros dois é claramente seu caráter menos progressista politicamente, Lockhart e Robins admitem a proeminência do bolchevismo e de Lenin no mundo das ideias, coisa que não se verá na prática e nas memórias de Realy, a não ser por obrigação. É dito que ele espionou para pelo menos quatro países (Reino Unido, Alemanha, Japão e Rússia Czarista). A fama de Reilly foi criada na década de 1920, em parte devido ao seu amigo, o diplomata e jornalista Sir Robert Bruce Lockhart, que divulgou sua operação frustrada para derrubar o regime bolchevique soviético em 1918. O tabloide inglês Evening Standard publicou, em 1931, uma série de matérias intituladas "Master Spy" ("Mestre Espião"), transmitindo suas façanhas. Mais tarde, Ian Fleming usou Reilly como modelo para criar o personagem dos seus livros de James Bond.

  • Sidney Reilly e sua esposa deixaram Nova York em 6 de agosto de 1925. Eles chegaram a Paris no mês seguinte e Reilly imediatamente entrou em contato com os Shultzes sobre quem o comandante E., havia escrito. Eles descreveram a situação na Rússia, onde, desde a morte de Lenin, o movimento de oposição associado a Leon Trotsky havia sido organizado em um extenso aparato subterrâneo que visava derrubar o regime de Stalin. [12] Essa evidência demonstra que a oposição a Lenin, imediatamente após sua morte, converte-se em oposição a Stalin. E o testemunho de tais agentes se convalida pela própria lógica interna da obra de Lenin constituir pelo menos mais de 14 anos de oposição a Trotsky, como demonstrado na evidência trazida por Bill Bland. Assim, podemos, sem prejuízo científico, crer que, com Lenin ou não, há de existir oposição no país dos sovietes.

  • "Até certo período", escreveu Winston Churchill na grande enciclopédia britânica", Trotsky ficou muito perto do trono vago dos romanovs".

De fora da Rússia, o Capitão Sidney George Reilly, do serviço secreto britânico, decidiu que era chegado o momento de lutar. O futuro ditador russo e títere britânico, Bóris Savinkov, foi enviado para a Rússia nesse verão para preparar o esperado levante contrarrevolucionário. Conforme Winston Churchill, que ajudou pessoalmente essa conspiração tomando parte nela, Savinkov estava em comunicação secreta com Trotsky. Nos Grandes Contemporâneos, Churchill escreveu:
"Temos que visar muito longe", comunicou Trotsky a Zinoviev e Kamenev, como ele recorda em Minha vida: “Precisamos preparar-nos para uma luta séria e longa."
De fora da Rússia, o Capitão Sidney George Reilly, do serviço secreto britânico, decidiu que era chegado o momento de lutar. O futuro ditador russo e títere britânico, Bóris Savinkov, foi enviado para a Rússia nesse verão para preparar o esperado levante contrarrevolucionário. Conforme Winston Churchill, que ajudou pessoalmente essa conspiração tomando parte nela, Savinkov estava em comunicação secreta com Trotsky. Nos Grandes Contemporâneos, Churchill escreveu: "Em junho de 1924, Kamenev e Trotsky convidaram definitivamente Savinkov para voltar."
Nesse mesmo ano, o lugar-tenente de Trotsky, Christian Rakovsky, veio a ser embaixador soviético na Inglaterra. Rakovsky, que em 1937 Trotsky descrevia como 'meu amigo, meu velho e genuíno amigo', logo após a sua chegada loi visitado em Londres por dois oficiais do serviço britânico, Capitão Armstrong e Capitão Lockhart. O govêrno britânico a princípio recusara-se a aceitar representante soviético em Londres. Segundo Rakovsky, os oficiais britânicos informaram-no:
"Sabe por que recebeu o seu agrément na Inglaterra? Soubemos dè Mr. Eastman que o senhor pertence à facção de Trotsky, e que está muito ligado a ele. E unicamente em consideração a isso o serviço secreto consentiu em que o senhor fôsse acreditado embaixador neste país.
Rakovsky regressou a Moscou poucos meses depois. Comunicou a Trotsky o que acontecera em Londres. O serviço secreto britânico, como o alemão, desejava estabelecer relações com a oposição.[13]
  • Winston Ghurchill ainda encantado e interessado em todas as fases da campanha antissoviética mundial, fez um estudo especial do exilado de Prinkipo. "Jamais gostei do Trotsky" disse Churchill em 1944. Mas, bem antes disso, a audácia conspirativa, seus talentos oratórios e energia divina, próprias de Trotsky, agradavam ao temperamento aventureiro de Churchill. Resumindo, os intuitos gerais da conspiração internacional de Trotsky desde que deixara o solo soviético, Churchill escreveu em “Grandes Contemporâneos”: "Trotsky empenha-se em congregar o mundo subterrâneo europeu para derrubar o Exército Russo."[14]

Por essa época ainda o correspondente americano, John Gunther visitou o Q. G. de Trotsky em Prinkipo. Falou com Trotsky e numerosos dos seus correligionários russos e europeus. Para surpresa de Guenther, Trotsky não se comportava como um exilado derrotado. Comportava-se mais como um monarca ou um ditador no governo. Guenther pensou em Napoleão em Elba — pouco antes do dramático regresso e dos Cem Dias. E escreveu: "O movimento de Trotsky cresceu na maior parte da Europa. Em cada país existe um núcleo de agitadores trotskistas. Êles recebem ordens diretas de Prinkipo. Há uma espécie de comunicação entre os vários grupos por intermédio de suas publicações e manifestos, mas muito especialmente por meio de cartas particulares. Os vários comitês centrais estão ligados a um Q. G. internacional em Berlim."[15]
  • Com o tempo, novos ares passam assumir a frente da conspiração. Desde o momento em que Hitler assumiu o poder na Alemanha, a contrarrevolução internacional tornou-se parte integrante do plano nazista de conquista mundial. Em todos os países, Hitler mobilizou as forças contrarrevolucionárias que durante os últimos quinze anos estavam se organizando em todo o mundo. Essas forças foram agora convertidas nas Quinta Colunas da Alemanha nazista, organizações de traição, espionagem e terror. Essas Quinta Coluna eram as vanguardas secretas da Wehrmacht alemã.

  • Uma das mais poderosas e importantes dessas Quinta Colunas operava na Rússia Soviética. Era operada, particularmente, por um homem que talvez fosse o renegado político mais notável de toda a história, e apenas em seu nome, dava o que fazer — segundo Goebbels — a Stalin[16], era Leon Trotsky.

  • Quando o Terceiro Reich entrou em ascensão, Leon Trotsky já era o líder de uma conspiração antissoviética internacional com forças poderosas dentro da União Soviética. Trotsky no exílio estava planejando a derrubada do governo soviético, enquanto fingia se importar profundamente com a situação alemã, seu próprio retorno à Rússia e a assunção do poder pessoal que ele havia quase tão perto.

Adolfo Hitler leu a autobiografia de Trotsky logo depois de publicada. O biógrafo de Hitler, Konrad Heiden, relata em Der Fuehrer como o líder nazista surpreendeu um círculo de amigos seus em 1930, inflamando-se em louvores extáticos ao livro de Trotsky. "Brilhante!" exclamou Hitler, mostrando aos seus companheiros a Minha Vida de Trotsky.
"Aprendi muita coisa neste livro, e vocês podem fazer o mesmo I" O livro de Trotsky tornou-se rapidamente um livro de consulta dos serviços secretos antissoviéticos. Foi aceito como guia básico de propaganda contra o regime. A polícia secreta japonesa fez dele a leitura compulsória dos comunistas japoneses e chineses presos, num esforço para abatê-los moralmente e convencê-los de que a Rússia Soviética traíra a revolução chinesa e a causa pela qual eles vinham lutando. A Gestapo fez uso idêntico do livro...[17]
  • A evidência acima, nos revela que não foram os nazistas os protagonistas dos acordos com os trotskystas, esses acordos já existiam quando o Partido Nazista sobe ao Poder, tanto é verdade que Hitler diz ter aprendido muito com Trotsky. Além disso, Trotsky já era líder de uma conspiração a nível mundial. Logo, as afirmações de Krupskaya[18], e Gramsci[19], segundo o qual Trotsky se resume a um agente do fascismo, tem certo valor político, como palavra de ordem que motive a união contra o liquidacionista, mas jamais serviria de evidência histórica e científica, e ambos sabiam disso, e, por vezes, por força de expressão ou por necessidades de didatismos perdemos a precisão, e a perdemos para possibilitar que, no futuro, mais pessoas possam encontrá-la.

  • Resumindo, não foi Trotsky quem colaborou com o nazismo, mas este aderiu a conspiração de Trotsky que já existia antes do terceiro Reich dar o ar da graça. É evidente que os talentos de negociação, boa oratória e bom projeto, foram o fundamental para que Alemanha mesmo com a troca de governo, permanecesse ajudando Trotsky.

  • Antes ainda do terceiro Reich vir ao poder e entrar nessa onda antibolchevique, um fato muito importante aconteceu e intensificou ainda mais o apoio dos antissoviéticos a Trotsky e a oposição na URSS. Entre 1925 e 1929, a luta interna da oposição soviética sofria uma dura derrota: a publicação Curso Novo mostra sem reversas Trotsky como um ambicioso carreirista sem alvura e sem relutâncias. No ano de 1923, para fincar-se no poder dentro do PCUS, Trotsky procurou dar cabo a velha guarda bolchevique, sobretudo, porque estes conheciam profundamente seu histórico de opositor a Lenin. Nenhum antigo bolchevique antigo membro do PCUS se dispôs a deixar o leninismo pelo trotskismo. Sem saída, o velho leão, sem bando, adotou uma tática bastante infeliz e manifestar os combatentes de longa data, os velhos bolcheviques, como “degenerados”, “caducos”, “esclerosados” com “Alzheimer” e passa a fincar sua oratória e sua energia na juventude que não presenciou o seu passado de ataques a Lenin. A fim de tomar o poder, estabelece um novo significado a palavra de ordem da “democratização” do Partido, Trotsky procurou estabelecer na direção jovens que o apoiavam, porque se via isolado e sem qualquer chance de pelas vias normais alcançar êxito.

  • No decorrer dos anos de 1924 e 1926, o lugar de Trotsky no seio do Partido caiu e enfraqueceu e ele se viu obrigado a atacar com ódio a direção do PCUS.

  • Retomando sua má interpretação da revolução permanente, Trotsky elucubra que seria impossível o socialismo vencer num só país. Trotsky concluiu que a política levantada em 1925-1926 por Bukharin, seu adversário mortal nessa altura, representava os interesses dos latifundiários, os kulaques e, dos chamados Nepmen, ao qual ele denominava de novos burgueses. Cumpre salientar que toda oposição sabia que seria infrutífero atacar Stalin por essa via dado o respaldo que ela não possui na obra de Lenin, portanto, foram obrigados a não apoiar Trotsky. A obra de Lenin, portanto, estava repleta de exemplos acerca da aplicação do socialismo num só país:

Os Estados Unidos do mundo (e não da Europa) são a forma estatal de unificação e de liberdade das nações, que nós relacionamos com o socialismo – enquanto a vitória completa do comunismo não conduzir ao desaparecimento definitivo de todo o Estado, incluindo o democrático. Como palavra de ordem independente, a palavra de ordem dos Estados Unidos do mundo, todavia, dificilmente seria justa, em primeiro lugar porque ela se funde com o socialismo; em segundo lugar, porque poderia dar lugar à falsa interpretação da impossibilidade da vitória do socialismo em um só país e das relações deste país com os outros. A desigualdade do desenvolvimento econômico e político é uma lei absoluta do capitalismo. Daí decorre que é possível a vitória do socialismo primeiramente em poucos países ou mesmo num só país capitalista tomado por separado”.[20]
Ou ainda, “o desenvolvimento do capitalismo realiza-se de modo extremamente desigual nos diferentes países. Nem pode ser de outra forma na produção mercantil. Daí decorre a indiscutível conclusão de que o socialismo não pode vencer simultaneamente em todos os países. Ele vencerá inicialmente num só ou em vários países, continuando os restantes a ser, durante certo tempo, burgueses ou pré-burgueses. Isto deverá provocar não apenas atritos, mas também a tendência direta da burguesia dos outros países para derrotar o proletariado vitorioso do Estado socialista. Em tais casos a guerra seria da nossa parte legítima e justa. Seria uma guerra pelo socialismo, pela libertação de outros povos da burguesia. Engels tinha inteira razão quando, na sua carta a Kautsky de 12 de setembro de 1882, reconhecia expressamente a possibilidade de ‘guerras defensivas’ do socialismo já vitorioso. Ele tinha em vista, precisamente, a defesa do proletariado vitorioso contra a burguesia dos outros países”.[21]
“Se os exploradores são derrotados num só país — e este é, naturalmente, o caso típico, pois a revolução simultânea numa série de países constitui uma rara excepção —, continuarão a ser, no entanto, mais fortes do que os explorados, pois as relações internacionais dos exploradores são enormes. Que uma parte dos explorados, da massa menos desenvolvida de camponeses médios, artesãos, etc, segue e é susceptível de seguir os exploradores, provam-no até agora todas as revoluções, incluindo a Comuna (porque entre as tropas de Versalhes havia também proletários, coisa que o doutíssimo Kautsky «esqueceu»).” (...)A transição do capitalismo para o comunismo constitui toda uma época histórica. Enquanto ela não terminar os exploradores continuam a manter a esperança da restauração, e esta esperança transforma-se em tentativas de restauração. E depois da primeira derrota séria, os exploradores derrubados, que não esperavam o seu derrubamento, não acreditavam nele, não admitiam a ideia dele, lançam-se com energia decuplicada, com uma paixão furiosa, com um ódio cem vezes acrescido na luta pelo regresso do «paraíso» que lhes foi arrebatado, pelas suas famílias que viviam tão docemente e a quem a «vil população» condena à ruína e à miséria (ou ao «simples» trabalho.). E atrás dos capitalistas exploradores arrasta-se uma grande massa da pequena burguesia, que, como mostra a experiência histórica de dezenas de anos de todos os países, oscila e vacila, que hoje segue o proletariado e amanhã se assusta com as dificuldades da revolução, cai no pânico à primeira derrota ou semiderrota dos operários, se enerva, se agita, choraminga, corre de um campo para outro .tal como os nossos mencheviques e socialistas-revolucionários.[22]
  • O poder, dizia Trotsky e seus partidários, tendia a transformar-se num poder feudal latifundiário. O debate sobre a “degeneração” do partido bolchevique estava de novo iniciado. E como se estava a evoluir para a desagregação e para um poder de classe dominante burguesa, Trotsky arrogou-se, novamente, no direito de originar divisões e realizar um trabalho violento e secreto no seio do Partido.

  • Esse debate foi dirigido aberta e sinceramente por cinco anos. Quando o debate foi finalizado por votação no Partido, pacificamente pelo centralismo democrático, em 1927, os defensores da tese da improvável construção do socialismo na União Soviética davam cabo das atividades liquidacionistas de Trótski obtendo cerca de 1,5 % dos votos[23]. Trótski foi excluído do Partido, depois enviado para a Sibéria e finalmente banido da União Soviética. Após a dramática, mas necessária deportação de Leon Trotsky da Rússia soviética em 1929, um mito foi cunhado por elementos antissoviéticos em praticamente todo o mundo, e ainda hoje é reproduzido pelos trotskystas mais vulgares, em torno do nome e da personalidade de Leon Trotsky. De acordo com esse mito, Trotsky era "o destacado líder bolchevique da Revolução Russa" e "o inspirador de Lenin, colega de trabalho mais próximo e sucessor lógico"[24]. Trotsky corroborou para esse mito, quando alça em sua obra máxima, acerca da teoria da revolução permanente, o depoimento do ex-menchevique Adof Jolffe, segundo o qual ele teria escutado do próprio Lenin tal premissa que nunca passou de uma lenda. No entanto, a própria coerência interna da obra de Lenin, refuta em longa escala essa escassa tentativa de “trotsficar” Lenin.

  • O prego talvez mais importante no caixão da oposição foi realizado ainda pela família de Lenin, a situação, um tanto delicada, foi levantada contra Zinoviev e Kamenev, pela irmã casula de Lenin, Maria Ulyanov:

A oposição minoritária, dentro do Comitê Central, recentemente, realizou um sistemático ataque ao Camarada Stalin afirmando a “existência” de uma ruptura política entre Lenin e Stalin nos últimos períodos da vida Vladimir Ilyich Ulyanov. Com o objetivo de dizer a verdade, considero esta minha obrigação, informarei aos camaradas, brevemente, como eram as relações de Lenin e Stalin no período da doença de Vladimir Ilyich Ulyanov, período em que eu estava com eles e cumpria diversas tarefas. Não estou aqui para abordar o período anterior a doença Lenin, sobre o qual eu tenho grande quantidade de provas da tocante fraternal relação entre Vladimir Ilyich Ulyanov e Stalin, do qual os membros do comitê central sabem muito menos do que eu.
Vladimir Ilyich Ulyanov realmente admirava Stalin. Por exemplo, na primavera de 1922 e em dezembro do mesmo ano, respectivamente quando Vladimir Ilyich Ulyanov teve o primeiro e o segundo quadro de problemas em sua saúde, Lenin chamou Stalin e o encarregou das tarefas mais pessoais. Os tipos de tarefas em que se atribui a pessoa em que se tem total confiança no qual se considera um dedicado revolucionário e um estimado camarada. Além disso, Ilyich insistia sempre em conversar somente com Stalin e mais ninguém. Em geral, durante todo o período de Doença, até que ele estivesse recuperado e até que pudesse se reunir com os demais camaradas, ele convidava somente Stalin para vê-lo sempre, fosse para o que for. E durante todo o período posterior, o de maior gravidade de sua doença, ele intensificou o contato com Stalin, jamais convidou um único membro do politburo, exceto, Stalin.
Houve um incidente entre Lenin e Stalin, mencionado pelo camarada Zinoviev no seu discurso, pouco antes de Ilyich perder seu poder de expressão (março de 1923), mas foi completamente pessoal e não tinha relação com política. O camarada Zinoviev sabia disso muito bem e citou isto absolutamente desnecessariamente. Esse incidente tomou lugar porque, sob demanda dos médicos, o Comitê Central deu a Stalin a responsabilidade de vigiar para que nenhuma notícia política chegasse a Lenin durante esse período de doença grave. Isso aconteceu para não o perturbar e para que sua condição não se deteriorasse, Stalin até repreendeu sua família por transmitir esse tipo de informação. Ilyich que acidentalmente veio a saber sobre isto e quem esteve sempre preocupado sobre a tal força do regime e sua proteção, imediatamente, repreendeu Stalin. Stalin pediu desculpas e com isso o incidente foi resolvido. O que há para ser dito ─ durante esse período, como eu havia indicado, se Lenin não estivesse tão gravemente doente, ele teria reagido de maneira diferente ao incidente. Existem documentos sobre esse incidente e, sob a primeira demanda do Comitê Central, posso apresentá-los.
Desta forma, eu afirmo essa conversa toda da oposição sobre a relação de Lenin com Stalin não corresponde à realidade. Essas relações eram muito íntimas e amigáveis e assim permaneceram. [25]
  • Sem qualquer possibilidade de realizar a luta legal, democrática e, acima de tudo, pacífica, sobretudo, porque a família de Lenin, como demonstrou a passagem acima, majoritariamente detinha provas de que fora Stalin seu maior aliado, tanto no campo de batalha como fora dele, restava apenas uma última chance, ao qual muitos membros da oposição conheciam de longa data: a luta clandestina.

  • Foi num contexto posterior, com o Leninismo consolidado e com o oportunismo derrotado pelas vias pacíficas e democráticas, que aconteceu o assassinato de Kirov, como um alerta para lembrar que o “amuleto do consenso” — Lenin — estava morto e que restava, portanto, cercar e isolar os expoentes do leninismo.

  • A morte de S. M. Kirov, foi apenas um aviso inicial do que estava por vir, e ainda que as provas estejam majoritariamente favoráveis ao governo soviético, a maioria esmagadora dos historiadores, tomados pela guerra hibrida, defendem que o governo soviético esteve envolvido no assassinato “orquestrado por Stalin”. Kirov foi assassinado “diante da porta de sua sala de trabalho, por tiros de pistola disparados por um jovem comunista (Leonid Nikolaev), se podia escrever que "não há dúvida sobre o fato que o assassinato foi organizado por Stalin e executado por seus agentes de polícia"[26]. O contributo presente “no Relatório Secreto tinha suscitado fortes perplexidades já em meados da década de 1990"[27].

  • É importante averiguar como as depurações foram vistas pelos comunistas que consideraram necessário realizá-las em 1937-1938.

  • Importante observar o eixo central do raciocínio elaborado por Stalin, em março de 1937, que marcou parte do processo de depuração, nesse texto, Stalin esboça a ideia de que vários dirigentes do Partido estavam desprevenidos. Mas não só os dirigentes, as autoridades em geral estavam surpresas, o que levou alguns historiadores a demonstrar que não houve qualquer envolvimento do comitê central, e muito menos de Stalin, na morte de Kirov.

“O celerado assassinato do camarada Kírov foi o primeiro aviso sério de que os inimigos do povo fariam um jogo duplo e que, para isso, iriam disfarçar-se de bolcheviques, como membros do Partido, para ganhar a confiança e abrir caminho para si nas nossas organizações. (...) “O processo do “bloco zinovievista — trotskista” alargou as lições dos processos anteriores, mostrando com clareza que os zinovievista e os trotskistas congregam em seu torno todos os elementos burgueses hostis, que se converteram em agentes de espionagem e de diversão terrorista da polícia política alemã, que a duplicidade e o disfarce constituem o único meio dos zinovievista e dos trotskistas para infiltrarem as nossas organizações, que a vigilância e a perspicácia política constituem o meio mais seguro para a prevenção de tal infiltração (...).”
“Quanto mais avançarmos, quanto mais êxitos tivermos tanto mais se exasperarão os restos das classes exploradoras derrotadas, tanto mais depressa caminharão para formas de luta mais agudas, tanto mais danos causarão ao Estado soviético, tanto mais se aferrarão aos meios de luta mais desesperados como os últimos meios dos condenados.”[28]
  • Stalin segue correto em afirmar o despreparo do partido, que se refletiu de modo geral, nos demais órgãos do poder Estatal Soviético. Esse despreparo era cristalino e sonoro para todos que tivessem olhos para ver e ouvidos para ouvir. Nesse sentido, como já mencionado, podemos ainda ver que esse despreparo é objeto de debate na historiografia como um todo. Esse debate revela a impossibilidade de Stalin estar à frente junto do Estado Soviético, em uma farsa, pelo assassinato de Kirov, como a oposição costuma argumentar. Isto porque o despreparo revela sinais de falta de premeditação justamente das instâncias mais altas do Partido e mais íntimas de Stalin.

Muitos comentaram a reação incomum e imediata de Stalin ao tiroteio. Como observado, ele e outros membros do Politburo correram para Leningrado para supervisionar a investigação. Horas após o crime, o Comitê Executivo Central, por sugestão de Stalin, emitiu uma ordem extraordinária que acelerou a investigação, sentença e execução de pessoas acusadas de crimes terroristas e negou os apelos de tais condenações. O tiroteio foi certamente um golpe extraordinário para o governo soviético, e as reações sugerem pânico. O assassinato foi percebido como o primeiro tiro de um golpe contra a liderança. Tais medidas de guerra não são realmente surpreendentes e teria parecido incongruente se a liderança não tivesse reagido dessa maneira. Por fim, a "Lei de 1º de dezembro de 1934" (que Stalin atacou após o tiroteio) foi subsequentemente raramente usada.10 Outras circunstâncias que cercam o assassinato apontam para longe do envolvimento de Stalin. Quando o assassino foi preso segundos depois do tiroteio, ele estava carregando um diário que não incriminava ninguém e afirmava que estava agindo sozinho Se Stalin tivesse organizado o assassinato para culpar a oposição, um diário incriminador teria sido uma prova valiosa por escrito, e, se Nikolaev não o mantivesse, certamente poderia ter sido fabricado um documento apropriado. Se o assassinato tivesse sido planejado por Stalin ou por um de seus apoiadores, um diário tudo teria sido melhor do que alguém exonerando a oposição. Por fim, se Stalin tivesse planejado esses eventos, dificilmente teria permitido que esse diário "sem saída" fosse mencionado na imprensa. Isso apenas enfraqueceu uma acusação contra a oposição. As circunstâncias sugerem que Stalin e seus partidários não estavam no controle dessa situação.
A resposta oficial imediata ao assassinato foi pontualmente confusa, mostrando poucos sinais de planejamento. Nos dias seguintes ao assassinato, o governo identificou Nikolaev de várias maneiras como um assassino solitário, uma ferramenta da conspiração da Guarda Branca e, finalmente, um seguidor das oposições de Zinoviev-Kamenev em Moscou e Leningrado. Não foi até 18 de dezembro que o regime sugeriu que a oposição de Zinoviev poderia estar envolvida. Cinco dias depois, a polícia secreta anunciou que Zinoviev, Kamenev e treze de seus associados haviam sido presos de fato em 16 de dezembro. Mas "na ausência de provas suficientes para colocá-los em ação" julgamento", eles deveriam ser exilados administrativamente na URSS. Foi apenas um mês depois, em 16 de janeiro, que um anúncio oficial disse que Zinoviev e Kamenev deveriam ser julgados por manter um" centro "oposicionista secreto que indiretamente influenciou o assassino a cometer o crime. As mudanças e contradições na caracterização oficial do assassino sugerem que nenhuma história estava pronta para ser entregue e que as autoridades estavam reagindo a eventos de uma maneira confusa. Costuma-se pensar que Stalin e companhia planejaram o crime para tem um pretexto para esmagar a oposição. No entanto, as consequências do crime sugerem confusão e raiva irracional e sem foco. A repressão diretamente após o assassinato foi difusa e espasmódica. Houve uma onda imediata de prisões em Moscou e Leningrado. Muitos deles eram de Komsomols e membros juniores de grupos da oposição, e seu número era bastante pequeno, pelo menos em comparação com as prisões dos anos posteriores. Várias dezenas de pessoas já presas (e identificadas como Guardas Brancos) foram executadas em retaliação cega pelo crime.
Em um dos episódios mais estranhos da sequência, várias "pessoas", incluindo nobres e ex-comerciantes, foram expulsas de Leningrado por violações de autorizações de residência. (De acordo com rumores de Leningrado, a polícia examinou o diretório da cidade em uma tentativa encontrar alguém para reprimir após o assassinato.) Parecia que o regime, despreparado para o crime e pouco claro sobre quem deveria ser punido, atacou de maneira violenta, mas pontualmente, os inimigos tradicionais do poder soviético. Essas reações eram uma reminiscência das respostas instintivas da Cheka durante a Guerra Civil, quando reféns foram presos e saíram do apêndice: o assassinato de Kirov cortado em retaliação cega por ações brancas. Tais respostas sugerem nem um plano cuidadoso nem uma identificação discriminatória dos grupos-alvo mais importantes. Stalin não precisaria do assassinato de Kirov para justificar esse tipo ou nível de repressão. Embora Zinoviev e Kamenev tenham sido presos após o assassinato e condenados à prisão, seu crime envolveu apenas "cumplicidade moral". Levaria dezoito meses até o primeiro grande julgamento dos líderes da oposição e as primeiras prisões em massa de opositores de nível médio. Os principais líderes da oposição (como Piatakov, Radek, Bukharin e Rykov) continuaram trabalhando sem ser molestados até 1936. Nenhuma menção foi feita aos principais conspiradores da oposição na imprensa após 18 de janeiro de 1935, e nenhuma campanha se seguiu.19 A violência da Yezhovchacina, com seu espanto, medo da guerra e campanha para desmascarar traidores, foi daqui a dois anos; e a calmaria sugere que os linha-dura eram politicamente despreparados para usar o assassinato de Kirov. Quando eles finalmente puderam usar o assassinato contra a oposição, seria com base nos novos materiais da NKVD obtidos em 1936. "Ninguém foi capaz de capitalizar a situação em 1934-35 atacando a oposição enquanto o ferro estava quente. Nem as fontes, circunstâncias nem consequências do crime sugerem a cumplicidade de Stalin. A falta de qualquer evidência de disputa política entre Stalin e Kirov, discutida anteriormente, parece refutar qualquer motivo para Stalin matar seu aliado, e é difícil discordar da observação lacônica de Khrushchev que ainda permanece misteriosa sobre o crime. Com base nas fontes, não há boas razões para acreditar que Stalin conspirou no assassinato de Kirov, e tudo o que se pode dizer com certeza é que Leonid Nikolaev, um dissidente comum, acionou o gatilho.[29]
  • Getty, em geral, consegue demonstrar com suficiente respaldo o não envolvimento de Stalin no assassinato de Kirov. Cabe lembrar: o próprio Getty é um autor burguês, com limites de entendimento sobre as condições da luta de classes na União Soviética, mas é muito mais honesto que maioria dos historiadores não marxistas e, muito mais honesto do que os “marxistas” antistalinistas na historiografia.

  • Ainda nesse mesmo sentido, segue um relatório soviético da procuradoria geral soviética que procura orientar as buscas pelo assassino de Kirov, e que demonstra algumas nuances que jamais permitiriam dizer qualquer premeditação do assassinato por Parte de Stalin e do próprio governo, documento esse que segue anexo nessa obra.

Carta de diretiva do promotor da URSS I.A. Akulov aos promotores da União e repúblicas autônomas, territórios e regiões sobre o fortalecimento da aplicação do artigo 58-10 do Código Penal do RSFSR em conexão com o assassinato de S.M. Kirov
23 de janeiro de 1935
Segredo máximo.
No. 13/36/00728
A todos os procuradores da União e das repúblicas autônomas, procuradores regionais (regionais). A intensificação da ativação de elementos antissoviéticos na forma de agitação contrarrevolucionária, observada em conexão com o assassinato do camarada KIROV, aprovando não apenas o ato terrorista contra o camarada KIROV, mas também a comissão de tais atos terroristas contra outros líderes do Partido e do governo soviético, definiu a tarefa do gabinete do promotor de suprimir rápida e decisivamente esse tipo de contrarrevolução performática.
Com um entendimento comum dos perigos de tais discursos contrarrevolucionários por parte dos promotores locais, foram notados vários casos de miopia política e monótona vigilância de classe de alguns promotores que encontraram expressão em um mal-entendido do perigo particular de elementos antissoviéticos falando com propaganda terrorista. Então, por exemplo:
O promotor da RANDEL da região de Kandalaksha (República Socialista Soviética Autônoma da Carélia) recusou-se a prendê-lo por ações contrarrevolucionarias que aprovam atos terroristas contra os líderes do Partido e do governo soviético, sem considerar tais declarações contrarrevolucionárias.
Os órgãos da ONG UGB foram presos SOTINSKY GA, que liderou a agitação contrarrevolucionária pela necessidade de realizar ataques terroristas aos líderes do partido e do poder soviético]. O promotor do distrito de Kineshem YEREMIN no caso SOTINSKY deu a seguinte conclusão: “Não concordo com a remessa do caso à Reunião Extraordinária, pois as ações de SOTINSKY não contêm corpus delicti. O processo criminal deve ser encerrado, o acusado deve ser libertado da custódia.”
Fatos semelhantes ocorreram na região de Voronezh, onde o promotor do opressor Usman DERGACHEV libertou duas pessoas presas que, após o assassinato do camarada KIROV, por realizaram campanhas contrarrevolucionárias entre os trabalhadores, indicando que “todo o Comitê Central do PCUS (b) deve ser morto”. É necessário matar o camarada STALIN ", etc', etc.
Por ordem do promotor do RSFSR, o camarada ANTONOVA-OVSEENKO, o promotor do distrito de Kandalaksha RENDEL foi demitido do trabalho, com a transferência da questão de sua permanência nas fileiras do PCUS (B.) às organizações do Partido. Demiti o promotor da região de Kinesham, IPO YEREMIN, e investiguei os fatos da miopia política e o embotamento da vigilância de classe demonstrada por funcionários do Ministério Público da região de Voronezh. Em conexão com o pedido de vários procuradores do Ministério Público da União para esclarecimentos sobre as qualificações dos discursos contrarrevolucionários acima menciona­dos, eu explico:
1. Discursos contrarrevolucionários que aprovam atos terroristas contra os líderes do Partido e do governo soviético, se qualificam nos termos do art. 58-10 do Código Penal do RSFSR e os artigos correspondentes do Código Penal das repúblicas da União 47 .
2. Nos casos em que tais discursos são organizados (discussão da necessidade de atos terroristas contra os líderes do partido e do governo, tratamento de pessoas ou membros da fuppa na direção do ataque terrorista), mesmo na ausência de elementos de preparação direta do ataque terrorista (encontrar meios, maneiras, descobrir possibilidades etc.) devem ser qualificados de acordo com o art. 58-11-16-58-8 do Código Penal do RSFSR e os correspondentes] artigos do Código Penal das Repúblicas da União, com o fato, no entanto, de que tais casos não são cobertos pela lei de 1º de dezembro de 1934 referente ao procedimento a ser considerado.
3. Relativamente à jurisdição dos casos previstos no art. 58-10 do Código Penal, proponho ser guiado pelo seguinte:
a) casos em grupo nos termos do art. 58-10 do Código Penal, se houver evidência suficiente para consideração em tribunal, envie a colégios especiais sob jurisdição.
b) casos em relação a indivíduos acusados ​​de propaganda terrorista e declarações terroristas], <bem como casos fupp para os quais não há provas documentais suficientes para serem consideradas nos tribunais> *, como regra, são enviados para consideração na Reunião Extraordinária no NKVD da URSS, que no entanto, isso não significa encaminhar esses casos para consideração a faculdades especiais se isso for causado por condições locais ".
Eu aviso a todos os funcionários do Ministério Público que qualquer manifestação de miopia política, monótona vigilância de classe nesses assuntos implicará a remoção imediata dos que permitiram isso, com a questão de estarem no partido. [30]
  • Com essa evidência, torna-se impossível defender que o assassinato de KIROV, o grande gatilho da política de expurgo na URSS, foi obra orquestrada por Stalin e proposital para eliminar um possível rival ao mesmo tempo em que se culparia a oposição pelo crime. O motivo central que demonstra a falta de envolvimento de Stalin é a própria displicência da investigação soviética ser criticada, com veemência, e ordenada a prender homens com o mesmo discurso de Nikolaev. Esta crítica promovida pela procuradoria não seria necessária em caso de premeditação, porque as negligências seriam acobertadas de maneira hierarquicamente descendente. Ninguém com tanto poder se importaria, se estivesse a conspirar, nesse sentido, a orientar zelo, capricho e meticulosidade aos órgãos persecutórios da URSS, principalmente nas primeiras buscas. A crítica a essas negligências seria encoberta ou reorientada a aliviar os termos. A perseguição, como demonstra o documento acima, em caso de uma farsa, jamais recrudesceria sobre possíveis suspeitos. Além do mais, os farsantes não levariam a morte o assassino que seria, portanto, seu camarada na conspiração, o que não aconteceu! Não haveria também tantos apoiadores espontâneos do terrorismo, caso se tratasse de uma farsa e nem seriam eles punidos e até presos com base no artigo 58-10 do código penal soviético em caso de simulação e dissimulação, nem possivelmente executados por condenação a pena de morte, nos casos mais graves.

  • Kirov morreu justamente quando o partido aparentemente tinha a ilusão de que se encontrava com a unidade nacional solidificada. As reações iniciais, foram bastante desorganizadas, principalmente por parte de Stalin, o que indica claramente o caráter de surpresa da notícia, e, por isso, houve pavor. Inicialmente, foi editado um decreto determinando um procedimento expedido para a detenção e execução de terroristas. Esta medida drástica foi ditada pelo sentimento de que o regime socialista corria um perigo fatal.

  • O reagir dos fatos indicou falta de ordem, inconsistência e despreparo, o que não indica um plano maquiavélico realizado para liquidar a oposição. Alguns depoimentos de adversários são polêmicos: Tokáev, que se dizia membro de uma organização anticomunista furtiva, escreveu que Kírov foi morto por um grupo oposicionista e que ele próprio, Tokáev, acompanhou de perto os atos preparatórios do crime. Liúchkov, um homem do NKVD que fugiu para o Japão, confirmou que Stálin nada teve a ver com este assassinato.[31]

  • O Evento em tela, desenrolou, pouco a pouco, a depuração, a oposição minoritária de 1926-27, derrotada inclusive com a ajuda da família de Lenin, como demonstrado, acaba caindo nos alvos da investigação. A seguir e apesar do contexto, preparava-se a nova constituição.

  • Em pouco tempo, as autoridades reabriram o caso na posse de novos indícios, que versavam sobre uma organização secreta, planejada já ao fim da derrota da oposição em 1926-27, da qual Zinóviev e Kámenev eram parte.

Em 1934, antes do assassinato de Kirov, o terrorista Leonid Nikolayev foi apanhado pelos agentes da OGPU em Leningrado. Em seu poder encontraram um fuzil e um mapa com o caminho que Kirov percorria diariamente. Quando Yagoda foi notificado da prisão pediu que libertasse o terrorista sem interrogatório. Zaporojetz era um dos homens de Yagoda. Fez o que lhe tinha sido indicado. Poucas semanas depois, Nikolayev assassinou Kirov. Mas o assassínio de Kirov era apenas um dos numerosos assassinatos realizados pelo bloco das direitas e trotskistas com o apoio direto de Henry Yagoda. [32]
  • A polícia detinha provas de que Trotsky, no começo de 1932, havia enviado secretamente cartas a Rádek, Sokólnikov, Preobrajénski e outros, incitando-os a empreender ações mais enérgicas contra Stáline. Getty encontrou indicações desses apelos nos arquivos de Trótski como veremos adiante.

Em Outubro de 1932, Goltsman, um antigo trotskista, encontrou-se secretamente em Berlim com Sedov, o filho de Trótski, para analisar a proposta de Smírnov de criar um Bloco da Oposição Unificada, incluindo trotskistas, zinovievistas e os partidários de Lominádze. Trótski insistia na necessidade do «anonimato e da clandestinidade». Pouco depois, Sedov escreve ao pai comunicando-lhe que o bloco fora oficialmente constituído e que continuavam a fazer esforços para incluir o grupo de Sáfarov — Tarkhanov O Boletim de Trótski chegou a publicar relatórios de Goltsman e Smírnov, assinados com pseudónimos! Assim, a direção do Partido tinha perante si provas irrefutáveis de uma conspiração que visava derrubar a direção bolchevique e levar ao poder uma corja de oportunistas que eram instrumentos das antigas classes exploradoras. A existência da conspiração era um sinal de alarme de último grau.[33]

2. A Sabotagem de Berlim Para Moscou


  • Uma das pessoas que durante a década de 1930 não só presenciou o problema das sobatagens, mas também o descreveu com detalhes, e com grande riqueza, foi o engenheiro americano, não comunista, John Littlepage, um dos especialistas estrangeiros contratados para trabalhar na União Soviética. Littepage foi uma testemunha inusitada nos processos de Moscou e que confirma, mesmo sem ser comunista, as provas favoráveis aos soviéticos. Durante o processo de Janeiro de 1937, o antigo trotskista Piatakov foi condenado como principal responsável da sabotagem industrial. Littlepage teve ocasião de constatar pessoalmente que Piatakov esteve envolvido em atividades clandestinas. Eis o que relatou a este propósito:

Na Primavera de 1931, Serebróvski falou-me de uma missão de grandes compras que fora enviada a Berlim sob a direcção de Gueórgui Piatakov, que era então vice-comissário da Indústria Pesada. Cheguei a Berlim quase ao mesmo tempo que a missão. Entre outras ofertas de compra, a missão encomendou várias dezenas de elevadores com potências entre 100 e mil cavalos-vapor. Esses elevadores eram compostos habitualmente por tambores, vigamento, porta-cargas, engrenagens, etc., colocados sobre uma base de barras em I ou H.
A missão tinha pedido preços em pfennigs por quilograma. Várias firmas apresentaram orçamentos, mas havia diferenças consideráveis - de cinco a seis pfennigs por quilograma — entre a maior parte das ofertas e duas que apresentaram preços bastantes mais baixos. Estas diferenças levaram-me a examinar de perto as especificações. Descobri então que aquelas duas empresas tinham substituído a base que deveria ser em aço leve por outra em ferro, de maneira que, se as suas propostas fossem aceites, os russos iriam pagar mais, já que a base em ferro pesava muito mais que a de aço leve, mas pareceria que tinham pago menos, considerando o preço em pfennigs por quilograma.
Tratava-se claramente de uma manigância e senti natural prazer ao fazer tal descoberta. Relatei-a aos membros russos da missão com satisfação. Para meu espanto, não ficaram nada contentes. Chegaram mesmo a pressionar-me para que eu aceitasse a compra, dizendo-me que eu tinha compreendido mal a encomenda. Não conseguia explicar a sua atitude. Pensei que podia haver ali um caso de suborno.[33]
  • No decorrer do processo, Piatakov fez as seguintes falas diante do tribunal:

Em 1931, eu estava numa missão de serviço em Berlim. Em pleno Verão daquele ano, em Berlim, Ivan Nikítitch Smírnov informou-me de que a luta trotskista ressurgira naquele momento com nova força contra o governo soviético e a direcção do Partido, de que ele, Smírnov, tinha tido um encontro em Berlim com o filho de Trótski, Sedov, e que lhe havia transmitido, por incumbência de Trotski, novas directivas. (...) Smírnov informou-me de que Sedov desejava muito ver-me. Eu consenti nesse encontro (...) Sedov disse-me que estava formado um centro trotskista; tratava-se da unificação de todas as forças capazes de desenvolver a luta contra a direcção stalinista. Estava a ser avaliada a possibilidade de restabelecer uma organização comum com os zinovievista. Sedov disse igualmente que os direitistas, representados por Tómski, Bukhárine e Ríkov, não tinham, nenhum deles, deposto as armas, que se mantinham à margem apenas momentaneamente e que era necessário estabelecer a ligação com eles. (...) Sedov disse que exigiam de mim uma única coisa: que fizesse o maior número possível de encomendas às duas firmas alemãs Borsig e Demag, que ele, Sedov, se encarregaria de obter as somas necessárias, na condição, naturalmente, de que eu não insistisse muito nos preços. Se é preciso explicar, era claro que o acréscimo de preço sobre as encomendas soviéticas passaria total ou pelo menos parcialmente para as mãos de Trótski para os seus objectivos contra-revolucionários. [34]
  • Littlepage declarou acerca disto o seguinte resumo:

Esta passagem da confissão de Piatakov é, no meu entender, uma explicação plausível do que se passou em Berlim em 1930 quando suspeitei dos russos que acompanhavam Piatakov, que queriam fazer-me a aprovar uma compra de elevadores de minas que, para além de serem muito caros, não teriam qualquer utilidade para as explorações a que estavam destinados. Mas eles estavam habituados às conspirações desde antes da revolução e tinham corrido riscos por aquilo que consideravam ser a sua causa. [35]
  • Em uma das primeiras minas que ele visitou, Serebrovsky, um dos grandes mineradores soviéticos, a serviço do Estado soviético, conheceu Jack Littlepage, com 33 anos[36], que era um engenheiro de mineração bem-sucedido nos EUA. [37] Littlepage, inicialmente, descartou a oferta de trabalho de Serebrovsky na URSS, afirmando que “não gostava de bolcheviques”, pois, tomado pela guerra hibrida ele dizia: “ os bolcheviques pareciam ter o hábito de atirar em pessoas, especialmente em engenheiros”.[38] No entanto, Serebrovsky, pacientemente e bem orientado por Stalin, perseverou e persuadiu Littlepage a emigrar para a URSS com sua família.[39]

  • Segundo J. Littlepage: “Sabotagem era algo estranho à minha experiência profissional. No entanto, eu não havia trabalhado muitas semanas na Rússia antes de encontrar casos inquestionáveis ​​de destruição deliberada e maliciosa, por exemplo, removemos do reservatório de petróleo [de um grande Diesel motor] sobre um litro de areia de quartzo, essa mesquinha sabotagem industrial era tão comum em todos os setores da indústria soviética que a polícia teve que criar um exército inteiro de espiões profissionais e amadores para cortar a enorme quantidade de sabotadores.[40] As autoridades na Rússia estão travando uma série de guerras civis abertas ou disfarçadas. [41]

  • Nos seis anos seguintes, a produção de ouro da URSS superou a dos Estados Unidos e estava prestes a exceder a do Império Britânico. Ao contrário de muitos cidadãos dos EUA que emigraram para a URSS na época, Littlepage não assumiu a cidadania soviética, nem o regime soviético confiscou seu passaporte americano[42]. Em meio às repressões soviéticas, Littlepage continuou seu trabalho como vice-comissário, aconselhando Serebrovsky sobre a implantação de grupos de prospecção no estilo do Alasca nos campos de ouro soviéticos virgens. [43]

  • Littlepage logo aprendeu russo, foi renomeado de Ivan Eduardovich e, com uma força inabalável, "começou a verificar cálculos, projetos, estimativas, planos de trabalho".[44]

  • O assassinato em dezembro de 1934 do braço direito de Stalin, Sergei Kirov, serviu como uma das premissas do Grande Expurgo do Partido Comunista Soviético. Littlepage observou que o assassinato quando ocorreu "o país havia começado a se estabelecer em uma rotina bastante confortável após os anos dolorosos que se seguiram à Segunda Revolução Comunista". [45] Apenas alguns meses antes ", no verão de 1934, o governo havia anunciado que a polícia federal não teria mais o poder de prender e julgar pessoas sem julgamento público e aberto.

  • O sucesso de Littlepage lhe rendeu a Ordem da Bandeira Vermelha do Trabalho e um “Ford” Modelo soviético, este último sendo considerado como um dos presentes mais preciosos da época na URSS. Littlepage retornaria aos EUA várias vezes para recrutar mais engenheiros na indústria soviética de minas de ouro: na época da Grande Depressão, nunca havia falta de candidatos dispostos. Muitos dos milhares de trabalhadores dos EUA que emigraram para a URSS na época em busca de trabalho posteriormente foram seduzidos pelo discurso da oposição e foram posteriormente julgados. [46]

  • Littlepage trabalhou 10 anos na indústria mineira soviética, entre 1927 e 1937, principalmente, nas minas de ouro. No seu livro “In search of Soviet gold” escreve, “Eu nunca tive interesse pela sutilidade das manobras políticas na Rússia enquanto as podia evitar; mas tive que estudar o que acontecia na indústria Soviética para poder fazer um bom trabalho. E estou firmemente convencido de que Stalin e os seus colaboradores levaram muito tempo até descobrir que os comunistas revolucionários descontentes eram os seus inimigos mais perigosos”. Littlepage escreveu também que a sua própria experiência confirmava as declarações oficiais de que uma conspiração conduzida do exterior se utilizava de uma grande sabotagem industrial como uma parte de um processo para fazer cair o governo. Já em 1931 Littlepage tinha sido obrigado a constatar isso durante um trabalho nas minas de cobre e chumbo no Ural e no Cazaquistão. As minas eram uma parte do grande complexo de cobre-chumbo cujo chefe máximo era Piatakov, o vice comissário do povo para a indústria pesada. O estado das minas era catastrófico no que diz respeito à produção e ao bem-estar dos trabalhadores. A conclusão de Littlepage foi de que havia uma sabotagem organizada proveniente da direção superior do complexo de cobre-chumbo.

  • Surpreendentemente, Littlepage foi um dos poucos imigrantes dos EUA autorizados a deixar a URSS durante o Terror porque jamais se envolvera em qualquer crime. Littlepage deixou a URSS logo após uma entrevista na embaixada dos EUA em Moscou, em 22 de setembro de 1937, na qual afirmou sua opinião de que o comissário soviético da indústria, Georgy Pyatakov, havia organizado "destroços" em várias minas de ouro. Em uma série de artigos para o Saturday Evening Post, Littlepage descreveu uma contínua "corrida do ouro no Extremo Oriente" e os "intrépidos homens e mulheres" prospectando os resíduos do leste da Sibéria. Mesmo ao responder a perguntas do Departamento de Guerra dos EUA, Littlepage não mencionou as legiões de escravos empregadas para extrair o ouro em condições letais nas terras congeladas do Gulag, no nordeste da Sibéria, porque eles sequer existiam.[47] Littlepage escreveu um livro sobre sua experiência: "Em busca do ouro soviético", com um correspondente estrangeiro do Saturday Evening Post e do Christian Science Monitor, Sr. Demaree Bess.

  • O livro de John Littlepage dá-nos também a conhecer de onde a oposição trotskista recebia o dinheiro necessário para pagar a atividade contrarrevolucionária. Vários membros da oposição utilizavam os seus postos na União Soviética para aprovar a compra de máquinas de certas fábricas no estrangeiro. Os produtos aprovados eram de uma qualidade muito baixa, mas eram pagos pelo governo soviético ao preço mais alto. As fábricas estrangeiras davam à organização de Trotsky no estrangeiro o ganho econômico de tais transações, em troca do qual Trotsky e os seus conjurados na União Soviética continuavam a fazer mais compras dessas fábricas.

  • Além de Little Page, em abril de 1934, o engenheiro soviético Boyarchinov seguiu-se ao escritório do superior em construção nas minas vitais de carvão em Kuznetsk, afim de avisar que algo de errado havia no seu setor. Aconteceram diversos incidentes: explosões subterrâneas, destruição de maquinas.

  • Boyarchinov suspeitava que houvesse sabotagem. O chefe de construção agradeceu a informação. "Comunicarei a quem me reporto" disse. "Enquanto isso, não diga nada a ninguém sobre o fato".

  • O chefe de construção Alexei Chestov, espião germânico e organizador principal da sabotagem trotskysta na Sibéria.

  • Infelizmente, pouco tempo após o incidente Boyarchinov foi encontrado morto em uma vala. Um caminhão, correndo a toda, matara-o na estrada em que ele voltava do trabalho para casa. O condutor do caminhão era o terrorista profissional Tcherepukhin[48].

3. Por que os arquivos de Moscou e de Trotsky são evitados pelos antistalinistas?


  • É evidente como a luz solar que os arquivos de moscou e de Trotsky são evitados justamente pelo conteúdo desfavorável aos oportunistas de “esquerda” e de direita, embora haja exceções. Para fins dessa investigação, demonstraremos isso partindo ainda da análise do assassinato de Kirov. A comparação do que diz parte dos antistalinistas com o que reside nos arquivos é discrepante. Das alegações de Trotsky, as informações do relatório Kruschev, não encontramos qualquer avaliação empírica dos fatos que nos permita dizer que Stalin matou Kirov.

  • O relatório Kruschev possui grande contributo para anticomunismo também no caso Kirov. Na atualidade o oportunismo de esquerda e toda a direita o usam acriticamente, como já era de se esperar, os efeitos ainda expansivos do relatório Kruschev ainda possuem grande alcance. Mesmo no Brasil, esse relatório foi recebido por boa parte dos comunistas sem qualquer questionamento prévio e mínimo de que não havia provas que sustentasse as afirmações realizadas no relatório “secreto”. Como se não bastasse a falta de provas, o tal relatório rapidamente foi recebido pelo diretor da CIA.

  • O relatório secreto foi transmitido a um jornalista da agência Reuters (aquela mesma que ais tarde viria a se Fundir com as redes de tv) John Rettie. Pouco antes de viajar para Estocolmo, Rettie foi instruído sobre o relatório secreto pelo representante de Kruschev, Kostya Orlov. Assim, a mídia no ocidente soube do discurso já no início de Março de 1956. Rettie, por sua parte, acreditava que a informação fora propositalmente passada pelo próprio Khrushchov.[49] Em 5 de Março de 1956, o Presidium do Partido Comunista da União Soviética solicitou, as organizações comunistas, e aos membros do Komsomol, que o informe de Khrushchov fosse estudado em todas as reuniões, tanto em presença dos militantes como dos não militantes.[50]

Na URSS, Nikita Khrushchev convocou, em 1956, o XX congresso do PCUS. Apresentou aí o seu relatório secreto contra Stalin, um ataque-surpresa que apanhou desprevenidos tanto os dirigentes do partido soviético como os dos outros partidos. Ele misturou críticas justificadas dirigidas a Stalin com ataques odiosos e irresponsáveis contra o conjunto da sua obra. Dulles, que na época dirigia a CIA, não perdeu a ocasião: o relatório de Khrushchev forneceu-lhe a matéria prima da campanha anticomunista mais virulenta e eficaz nunca antes empreendida pelo seu serviço. Fazer anticomunismo durante quarenta anos é meritório, mas que sorte imensa teve ao ver todo um ramalhete das suas afirmações retomadas pelo papa do movimento comunista internacional! Nikita Khrushchev acertou o passo com os escribas do Readers Digest, apelidando Stalin de “louco”, de “perverso”, de “déspota tomado de vertigem”, inventando completamente ataques grotescos do gênero: “Stalin durante a guerra planeava as operações num globo terrestre”.[51]

  • Grover Furr demonstra que do XX ao XXII congresso do PCUS, não se faz menção a provas empíricas que convalidem suas sentenças. E seus textos, sem conteúdo indicial, eram recomendados como estudo “histórico” ou como “historiografia”, os demais documentos e arquivos dos anos 30 eram, na realidade, completamente desincentivados ano após ano. E pior do que isso, muitos sequer sabiam seu conteúdo, como ficará demonstrado! Simplesmente havia uma negligência clara em não permitir acessos a provas e fontes primárias.

Durante a existência da URSS e, especialmente, desde a ascensão de Khrushchev, poucos ou nenhum documento referente aos Julgamentos de Moscou e às repressões de final da década de 1930 foram publicados na URSS ou disponibilizados nos arquivos para pesquisadores. Krushchev e historiadores e escritores autorizados fizeram muitas afirmações sobre esse período da história, mas nunca deram a ninguém acesso a nenhuma evidência sobre isso. Aqui está um exemplo. Numa conferência de historiadores em dezembro de 1962, depois de muitas apresentações de oradores promovendo a posição oficial de Khrushchev sobre questões de História soviética O convocador, membro do Presidium, Piotr Pospelov, falou as seguintes palavras:
Os alunos estão perguntando se Bukharin e o resto eram espiões de governos estrangeiros e o que você nos aconselha a ler. Posso declarar que é suficiente estudar cuidadosamente os documentos do 22º Congresso do PCUS para dizer que nem Bukharin, nem Rykov, é claro, eram espiões ou terroristas. (Vsesoiuznoe soveshchanie 298). [...] “Por que não é possível criar condições normais para trabalhar no arquivo Central do Partido? Eles não distribuem materiais relativos à atividade do CPSU.” Eu já te dei a resposta. Com efeito, Pospelov estava dizendo: "Não vamos dar acesso a nenhuma fonte primária". [...]
A falsificação vai muito além dos discursos do 22º Congresso. As evidências de arquivo agora disponíveis nos permitem ver que Krushchev, mais tarde Gorbachev, e os historiadores que escreveram sob sua direção, mentiram consistentemente sobre os eventos dos anos de Stalin em uma extensão que dificilmente se pode imaginar. Um grande número de documentos de arquivos soviéticos anteriormente secretos foi publicado desde o final da URSS. Essa é uma proporção muito pequena do que sabemos que existe. Especialmente no que diz respeito às oposições da década de 1930, aos Julgamentos de Moscou, às “expurgas” militares e às massivas repressões de 1937-38, a grande maioria dos documentos ainda é secreta e oculta mesmo de pesquisadores oficiais privilegiados. No entanto, nenhum sistema de censura está isento de falhas. Muitos documentos foram publicados. Mesmo esse pequeno número nos permite ver que os contornos da história soviética na década de 1930 são muito diferentes da versão "oficial".[52]
  • Não obstante, como esperado, nesse o reluz está longe de ser ouro, logo, nas análises que surgiram após o XX Congresso, nota-se, desde as mais simples as mais complexas, uma inclinação a fomentar os ataques a imagem de Stalin usando o assassinato de Kirov para isso e, assim, a cruzada anticomunista ganha novos ares. Mas, nem todos os antipáticos a Stalin são desonestos em tudo. Nesse sentido, Losurdo nos apresenta um roll de pesquisadores que, sobre esse e muitos outros temas, podem ser úteis nesse combate ao antistalinismo que persiste na guerra hibrida. A respeito do caso Kirov, Alla Kirilina, é quem nos salta aos olhos.

  • Alla Kirilina, é uma das maiores especialistas no assassinato de Kirov. Alla Kirilina não é nem de longe simpática a Stalin e ao comunismo, chegando a fazer coro e frente com os organizadores do livro negro do comunismo em publicações, mas, também, é conhecida por demonstrar, em partes, o oposto do que a guerra hibrida pelo antistalinismo defende, isto é, que Stalin teve papel importante para morte de Kirov.

  • Nesse sentido, a historiadora Alla Kirilina se não é a primeira é uma das pioneiras na historiografia a demonstrar a falta de cientificidade das análises póstumas do XX Congresso sobre o caso Kirov e a tratar do assunto com base nos arquivos de moscou liberados na era Gorbatchev e Yeltsin. As publicações de Kirilina, no decorrer dos de 1989 e 2000, demonstram um raciocínio firme e robusto de que o assassinato de Kirov, executado por Nikolaev, não poderiam ser obra do governo soviético e tampouco de Stalin. Kirilina, com base na documentação de moscou, diante de uma longa pesquisa, que começa em 1988, diz que as buscas soviéticas pós-Stalin do homicídio de Kirov vieram de forte estimulo de labutas políticas e ideológicas e, por isso, não tinham base empírica. J. Arch Getty fez o mesmo argumento em Origins of the Great Purges, como se demonstrou anteriormente.

Aleksandr Iakovlev, conselheiro ideológico de Gorbachev, enviou-os de volta aos arquivos para tentar novamente. Mais uma vez, a equipe de pesquisa do Politburo não encontrou qualquer evidência que sugerisse que Stálin havia matado Kirov. A história da fabricação de "Stálin matou Kirov" é um bom exemplo de como várias mentiras deliberadas de Trotsky foram retomadas por anticomunistas soviéticos como Khrushchev e Gorbachev e por anticomunistas pró-capitalistas no Ocidente.[53]

  • Segundo Losurdo:

Dispomos da pesquisa de uma estudiosa russa, publicada também em francês dentro de uma coleção dirigida por Stéphane Courtois e Nicolas Werth, ou seja, pelos organizadores do Livro negro do comunismo. Estamos, pois, na presença de um trabalho que se apresenta com credenciais antistalinistas mais sólidas que nunca. No entanto, embora negando que por trás do assassinato houvesse uma vasta conspiração, ela faz em pedaços a versão contida ou sugerida no Relatório Secreto ao XX Congresso do PCUS. O relato de Kruschiov se revela um tanto inexato" já numa série de detalhes; por outro lado, o seu autor "sabia que vinha necessidade de argumentos de peso para provocar um choque psicológico nos seguidores do 'paizinho dos povos"; pois bem, a tese do "complô de Stalin contra Kirov respondia de modo admirável a essa necessidade"[54].

  • As relações sociais reais demonstram uma relação fraterna de colaboração e de amizade que acontecia entre o Stalin e seu melhor amigo, Kirov, a realidade torna-se nítida pelo quadro geral que a historiadora russa nos demonstra sobre Kirov. Assim também argumenta o filho adotivo de Stalin: “Eram amigos verdadeiramente, para toda a vida. Deve-se dizer que com exceção de Nadezhda Sergeevna, a pessoa mais próxima de Stalin foi Kirov. Claro, esse é um relacionamento diferente. Ele não tinha amigo mais próximo. Portanto, o primeiro golpe terrível é a morte de Nadezhda Sergeevna, o segundo golpe é a morte de Kirov”[55]. Não muito distante é retrato pintado nos arquivos de moscou:

Esse homem aberto não gostava nem da intriga, nem da mentira, nem do engano. Stalin devia apreciar esses traços de caráter que estiveram na base das suas relações. Segundo os testemunhos dos seus contemporâneos, Kirov era de fato capaz de fazer objeções a Stalin, de abrandar o seu espírito suspeitoso e a sua rudeza. Stalin o entusiasmava sinceramente e tinha a sua confiança. Apaixonado por pesca e caça, enviava frequentemente a Moscou peixe fresco e animais caçados. Stalin tinha tal confiança em Kirov que o e convidou muitas vezes a fazer sauna com ele, "honra" que concedia apenas a outro mortal, o general Vlassik, chefe da sua guarda pessoal." [56]
  • Até o presente momento, nada pode afirmar problemas que motivem Stalin a executar Kirov. Seja nas relações pessoais de fontes primárias, seja na documentação dos arquivos de Moscou. Nenhuma discordância política e competição ideológica entre os dois se mostra.

  • Ainda mais risível e digna de pena é essa teoria pelo fato de que Kirov seria “irregular” nas atividades do mais alto órgão de poder do partido, o Politiburro, para concentrar-se na administração de Lêningrado."[57] Por outro lado, se o julgamento de uma adversidade que antagonize Kirov contra Stalin não possui fundamento, tal como diz abertamente Kirilina: “a ideia de uma rivalidade que opusesse Kirov a Stalin não tem nenhuma base”[58] , a resposta de Trotski, todavia, nos leva a refletir:

A virada para a direita na política externa e interna não podia não alarmar os elementos do proletariado com uma consciência de classe mais desenvolvida [...]. Também a juventude é tomada de uma profunda inquietação, sobretudo aquela parte que vive perto da burocracia e observa o seu arbítrio, os seus privilégios e o seu abuso de poder. Nessa atmosfera sufocante detonou o tiro da arma de fogo de Nikolaev [...]. E extremamente provável que ele quisesse protestar contra o regime existente no partido, contra a incontrolabilidade da burocracia e contra a virada à direita.[59]

  • Mostra-se totalmente cristalina a empatia e a benevolência manifestadas por Trotsky pelo terrorista que assassinou Kirov, também é totalmente expresso a frieza, o descaso e a fúria conservada a pessoa de Kirov. Muito distante de lastima-lo tal qual um mártir do déspota da Burocracia, Trotski o adjetiva feito um "ditador hábil e sem escrúpulos de Leningrado, personalidade típica da sua corporação". "E ainda, aumentando: "Kirov, sátrapa brutal, não suscita em nós nenhuma compaixão"[60]. Fez-se ferir o sujeito no combate em que por longo período se germinava a indignação dos “vanguardistas”.

  • Não são nem as velhas classes dominantes nem os kulaks que recorrem ao novo terror. Os terroristas dos últimos anos são recrutados exclusivamente na juventude soviética, nas fileiras da organização juvenil do partido[61].

  • No decorrer da década de 1930 — entre 1935 e 1936 — não se conversa sobre o assassinato de Kirov tal qual fosse mero fingimento. Declara-se, positivamente, que o principal é capaz de se relacionar com o aparelho burocrático ou pela “burocracia no seu conjunto”, todavia, paralelamente, exacerba-se, nunca sem querer, que “todo indivíduo burocrata trema diante do terror” advindo das camadas mais baixas.[62] Mas, ainda que, na prática, não haja a “experiência da luta de classe e da revolução”, tais expressões da juventude capazes de “colocar-se na ilegalidade, aprender a combater e preparar-se para o futuro” são assim motivo de fé”[63]. Trotsky suplica aos jovens soviéticos, na qual entabula a plantar o medo na burocracia, de forma aberta almejando sua visão de revolução inevitável para ele. O governo ditatorial gerou “a luta contra a juventude”, como há tempos anuncia na sua obra principal, nesse sentido, “A revolução traída”. Assim, os novos anseios derrubam a “contrarrevolução”:

Qualquer partido revolucionário encontra, antes de tudo, um apoio na geração jovem da classe ascendente. A sensibilidade política se exprime na perda da capacidade de arrastar a juventude [...]. Os mencheviques se apoiavam nos estratos superiores e mais maduros da classe operária, não sem tirar daí o motivo de altivez e não sem considerar os bolcheviques do alto. Os acontecimentos mostram de odo impiedoso o erro deles; no momento decisivo, os jovens arrastam os homens maduros e até os velhos. [64]

  • É uma dialética destinada a repetir-se. Por imaturas que possam ser as formas por ela inicialmente assumidas, a revolta contra a opressão tem sempre um valor positivo. Depois de ter acentuado o seu desespero e o seu ódio por Kirov, Trotsky, acrescenta: Nós permanecemos neutros em relação àquele que o matou só porque ignoramos os seus motivos. Se soubéssemos que Nikolaev atirou conscientemente com a intenção de vingar os operários cujos direitos Kirov pisoteava as nossas simpatias iriam sem reservas para o terrorista. Como os “terroristas irlandeses” ou de outros países, também os terroristas “russos” merecem respeito[65].

  • No começo as buscas das autoridades soviéticas cercearam os “Guardas brancos” com a finalidade de compreender se tinham algo relacionado ao caso Kirov. Realmente, na França, mais precisamente em Paris, esses grupos foram muito bem estruturados: com algum sucesso na prática de alguns atentados no país dos soviets. Em Belgrado, na Servia, a maior cidade da antiga Iugoslávia, agiam equipes parecidas: difundiam mensalmente, revistas, jornais e demais publicações editoriais, para disseminar a “derrubada dos dirigentes soviéticos” cabia “empregar a artilharia da agressão terrorista”. Dentre os nomes para possível erradicação encontrava-se precisamente Kirov. Todavia, tais apurações não trouxeram qualquer solução: as autoridades soviéticas começam então a olhar em direção da oposição de esquerda [66].

  • Uma vez que observamos mais detidamente, esteve Trotski o tempo todo a comprovar a evidência, e ele não se restringe a desenhar a fomentação “revolucionária” nos jovens soviéticos, porém elucida de igual modo que jamais são, nem sequer poderão ser, as classes precisamente derrubadas, consequentemente, nesse momento renegadas que propõe à violência:

“A história do terrorismo individual na URSS caracteriza fortemente as etapas da evolução geral do país. Na aurora do poder dos soviets, os brancos e os socialistas-revolucionários organizam atentados terroristas na atmosfera da guerra civil. Quando as velhas classes abastadas perderam toda restauração, o terrorismo cessa. Os atentados dos kulaks, que se prolongaram até os últimos tempos, tiveram um caráter local; realizavam uma guerrilha contra o regime. O terrorismo mais recente não se apoia nem nas velhas classes dirigentes nem nos camponeses ricos. Os terroristas da última geração são recrutados exclusivamente na juventude soviética, entre os jovens comunistas e no partido, frequentemente, também entre filhos de dirigentes." [67]

  • Se as decrépitas classes que foram derrotadas, antes pela Revolução de Outubro após pela coletivização da agricultura, se conformarem, segundo o raciocínio comum de Trotsky, isso com certeza não é válido ao proletariado que esteve a frente da revolução e instantaneamente ceifado e subjugado pelos burocratas de Stalin. São estes “burocratas” que na ideia de Trotsky devem temer e trepidar: o atentado contra Kirov e a difusão do terrorismo entre a soviética são o sintoma do isolamento e da "hostilidade" que circundam acossam os usurpadores do poder soviético [68].

  • Até por isso, na concepção de Trotski a restauração pacífica do capitalismo não é possível. Eis o que Trótski escreveu no final de 1934, justamente após o assassinato de Kírov, quando Zinóviev e Kámenev foram excluídos do Partido e enviados para o exílio.

“Como é possível que, precisamente hoje, após todos os êxitos económicos, após a abolição das classes na URSS, segundo declarações oficiais, como é possível que velhos bolcheviques tenham colocado como tarefa a restauração do capitalismo? Só verdadeiros tolos seriam capazes de acreditar que as relações capitalistas, isto é, a propriedade privada dos meios de produção, inclusive a terra, poderão ser restabelecidas na URSS pela via pacífica e conduzir ao regime da democracia burguesa. Na realidade, mesmo que tal fosse possível em geral, o capitalismo não poderá regenerar-se na Rússia senão em resultado de um violento golpe de estado contrarrevolucionário que exigiria dez vezes mais vítimas do que a Revolução de Outubro e a Guerra Civil.”[69]

  • Em seguida, Trotsky usa essa ocasião para fingir defender os “velhos bolcheviques”. Além de não apresentar qualquer prova real, esse argumento forneceu munição aos antissoviéticos por anos. Aliás, cumpre dizer que, pelas provas empíricas, não se pode dizer que os velhos bolcheviques foram a maioria dos expurgados, como demonstra o camarada Mario Sousa, não há nada além de um mito no que se refere a “eliminação da velha guarda bolchevique”:

Outra mentira originária do agente policial Robert Conquest é que o objetivo do controle de 1935 era eliminar os antigos bolcheviques. É a mesma história antiga e recorrente sobre um Stalin louco por poder, querendo eliminar todos os outros bolcheviques antigos, deixando-o sozinho no poder. A eliminação dos velhos comunistas é uma história inventada que nada tem a ver com a realidade. Arch Getty afirma em As origens dos grandes expurgos que “dos 455 expulsos do Comitê da Cidade de Smolensk, 235 haviam se juntado ao partido em 1929-32 ". Pelo menos metade dos expulsos não poderiam ser bolcheviques antigos. Getty diz ainda que “embora os Grandes Expurgos estejam frequentemente associados à dizimação dos Antigos Bolcheviques ”, o oposto parece ter sido o caso em Smolensk em 1935 e em geral. Em média, os secretários do partido que foram rebaixados ou destituídos do cargo ingressaram no partido em 1928, enquanto seus substitutos se uniram em média dois anos antes, em 1926. Os secretários substitutos também eram cerca de 3,7 anos mais velhos. Assim, aqueles que “não fornecem liderança” foram substituídos por trabalhadores partidários mais velhos e mais experientes. Novos secretários nas organizações partidárias da cidade incluíam um pouco mais de trabalhadores por origem social (30 de 39 em comparação aos 26 de 39 anteriores) e um pouco menos de pessoas de origem social camponesa e de empregados”. Esta declaração mostra que "a eliminação dos bolcheviques antigos" não é confirmada pela pesquisa que foi realizada no Smolensk arquivos. O aumento do poder do trabalhador dentro do partido dos trabalhadores é precisamente o que irrita a multidão reacionária de Conquest a Ahlmark e Skott. Os historiadores burgueses têm muito pouco a dizer sobre as perseguições dos "velhos bolcheviques", supostamente os mais afetados pelos expurgos. A Pesquisa sobre os arquivos de Smolensk não suporta tal teoria. Se os "velhos bolcheviques" foram expulsos ou presos, foi simplesmente porque eles estavam liderando quadros e haviam sido apontados pelos membros da base como corrompidos, arrogantes ou desinteressados ​​em sua tarefa. Investigações feitas sobre as 127 principais "velhas bolcheviques" da geração de Stalin, que haviam participado da revolução de outubro 1917 em Moscou mostrou que eles não eram um alvo especial para os expurgos. Se eles caíssem, o motivo era sua posição de liderança e as críticas feitas pelos membros. Desses 127 "velhos bolcheviques", 109 puderam ser seguidos a vida inteira. Entre esses 38, foram expulsos ou julgados em 1937. Uma comparação entre os anos de 1934 e 1937 também produz um resultado interessante. O número de “velhos bolcheviques” foi 182.600 no 17º congresso do partido em 1934. No 18º Congresso do Partido 1939, tinha diminuído para 125.700. A redução de “velhos bolcheviques” durante esses cinco anos, todas as causas incluídas, inclusive mortes e doenças naturais, foi de 56.900 ou aproximadamente 31%. Uma parte desses 56.900, e provavelmente uma grande parte, foi expulsa durante o expurgo de 1937. Mas ainda em 1939 125.700 "velhos bolcheviques" estavam ativos, e a maioria em posições de liderança no partido, em todo o país. O mito de que "Stalin havia exterminado os" velhos bolcheviques "não passa de uma lenda, mais uma mentira da Conquest-CIA, uma vez iniciada por Trotsky. A pesquisa também mostra que a maioria dos expulsos durante esse período eram pessoas dos principais círculos do partido. Vamos dar um exemplo concreto do distrito partidário de Belyi. Dos 244 membros e candidatos na organização partidária de Belyi 36 foram expulsos em 1937. 29 dos expulsos estavam em posições de liderança. Dois secretários de primeiro partido de comissões distritais, um presidente e dois vice-presidentes do comitê executivo soviético distrital, um secretário distrital de Komsomol, o promotor distrital, o chefe do distrito NKVD e um de seus colegas oficiais, os diretores das três maiores escolas no distrito, o chefe do escritório de terra do distrito, o diretor da estação de tratores de máquinas Belyi, quatro chefes de empreendimentos industriais, dois chefes de organizações comerciais, cinco presidentes de fazendas coletivas e cinco presidentes dos sovietes rurais. O mito sobre o terrível ano de 1937, que a burguesia produziu um de seus principais itens, não surpreendentemente através do agente policial Robert Conquest e da CIA / MI5, os verdadeiros pais do mito são desmascarados pelas estatísticas sobre os expurgos durante todo o período. 1930 em diante. Expulsões do Partido por ano:

Analisando as estatísticas, percebe-se a dimensão da mentira burguesa. De fato, 1937 foi um dos anos de menor número de pessoas expulsas, não mais que cinco por cento! Como é que a burguesia e seus lacaios transformaram 1937 no "incrível ano de Stalin" com milhões de falsas acusações, milhões de deportados e milhões de assassinatos" como Peter Englund gosta de formulá-lo. Quais são os interesses por trás disso? Entendemos que em um movimento de crítica e autocrítica em massa com milhões de pessoas envolvidas, decisões erradas foram tomadas e pessoas inocentes afetadas. Mas essas coisas também ocorreram em expurgos anteriores. Dezenas de milhares de membros do partido haviam sido expulsos por motivos errados e recuperaram seus membros depois de simplesmente apelarem para a central do partido. Essas injustiças que afetaram os trabalhadores comuns, mais do que outras, não interessam ao Ocidente. Como explicar esse interesse em 1937? Por que precisamente 1937 considerado como o pior que aconteceu na União Soviética? [70][71]

  • Como se viu acima Trotsky também serviu de fonte para as mais estapafúrdias mentiras dos historiadores burgueses e da cia contra a cultura.

  • Do mesmo modo, sua obra segue o rito dos malabaristas que procuram fazer adequações a depender do contexto, ora contra o terrorismo, ora afirmando que ele segue como única via.

  • Na realidade, em textos mais teóricos, Trotski segue afoito a caracterizar a ineficácia do terrorismo individual. No entanto, refere-se a uma classificação que não é completamente convicta em absoluto e, ocasionalmente, contrariável. No entanto, nas circunstâncias em que a URSS se encontrava, era para ele inevitável: “o terrorismo é a culminação trágica do bonapartismo”[72].”Além disso, se também não está em condições de resolver o problema, "o terrorismo individual tem, todavia, a maior importância como sintoma, à medida que caracteriza a aspereza do antagonismo entre a burocracia e as vastas massas populares e, mais particularmente, os jovens". De qualquer modo, a mistura se torna densa para uma “explosão" ou para uma "reviravolta política", destinada a infligir ao "regime staliniano" uma sorte semelhante àquela sofrida pelo regime "à cuja frente se encontrava Nicolau II"[73]. Nesse sentido, Martens argumenta:

Desta forma, no momento em que uma organização clandestina conseguira abater o número dois do regime socialista, Trótski considera que a ditadura do proletariado na URSS deve logicamente começar a extinguir-se. Mantendo a lança apontada contra os bolcheviques que defendiam o regime soviético, Trótski prega a clemência para os conspiradores. Ao mesmo tempo, apresenta os terroristas sob um ângulo favorável. Declara que o assassinato de Kírov é «um facto novo de uma grande significação sintomática». Embora mantendo publicamente suas distâncias em relação ao terrorismo individual, Trótski não hesita em dizer o que pensa de positivo sobre o atentado contra Kírov! Na sua óptica, a conspiração e o assassinato são a prova de que havia uma atmosfera geral de hostilidade que «isola toda a burocracia». O assassinato de Kírov provaria que a juventude se sente «oprimida e privada da possibilidade de um desenvolvimento independente” — esta última afirmação é um encorajamento directo à juventude reaccionária que, efectivamente, se sentia “oprimida” e desprovida da “possibilidade de desenvolvimento independente”.[74]

  • Os arquivos de Moscou, acima abordados, são evitados pelos adversários de Stalin, em todas as instâncias, porque não permitem as hipóteses de Trotsky. Sobretudo, no Brasil e pelos Trotskistas, esse tipo de pesquisa é de congelar a espinha. Poucos antistalinistas marxistas, como Pierre Broué, fizeram esse tipo de Estudo, pelo menos em parte nos arquivos de Trotsky, pois, em geral, deixaram essa coordenação nas mãos da direita. Veremos abaixo, que os arquivos de Trotsky contêm provas interligadas as acusações que ele sofreu nos processos de Moscou. Afirmamos nesta pequena exposição que a obra de Trotsky, no que se refere as acusações contra Stalin, e contra a URSS, não possui provas empíricas, e tanto os arquivos de Moscou como os arquivos de Trotsky nos demonstram isso, sobretudo, porque é o secretário de Trotsky o primeiro a lembra-lo de queimar a correspondência com os réus envolvidos desde o assassinato de Kirov a praticamente todos os litígios criminais discutidos na URSS. Sem a possibilidade de esgotar o tema em detalhes, foi realizado o suficiente para iniciar a comparação entre ambos os arquivos afim de entender que este cenário contrastado é evitado, acima de tudo, porque é sombrio para os Trotskistas e para boa parte do antistalinismo. Em geral, isso é péssimo a burguesia, porque nos permite dizer que a URSS de Stalin, foi um modelo civilizatório e dá ao socialismo uma comprovação concreta, testada e emancipatória, ao invés de reduzir a esquerda, tal como está, a defensores de utopias irrealizáveis, e, por isso, poderá conquistar mais seres humanos que não mais se guiaram pela fobia da revolução de outubro e poderão reivindica-la guardadas as devidas proporções para suas nações.

4. Os Arquivos de Trotsky foram alterados

  • Desde a abertura dos arquivos de Trotsky não há mais dúvidas de que sua obra tem sido manipulada para esconder certas práticas que dão razão aos processos de Moscou em toda sua plenitude. O indício central que demonstra tamanha ocultação de provas foi apontado ainda nos anos de 1980 por J. Arch Getty e até mesmo pelo Trotskista Pierre Broué, ao qual concluem que correspondência entre Trotsky e a classe expurgada nos processos de Moscou foi retirada dos arquivos pessoais, e muitos indícios demonstram isso. É importante perceber que o secretário de Trotsky, Jan Van Heijnoort, lembrou Trotsky e Sedov que essa correspondência, com os réus de Moscou, tinha teor comprometedor juridicamente sobre o bloco zinovievista-trotskysta e poderia lhe prejudicar tanto nos processos de moscou quanto na comissão de Deway. Hoje, no entanto, quem quiser defender Trotsky deve temer esses arquivos como o fogo se branda perante a água.

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Sabemos também que tem havido uma prática de falsificar aquilo que Trotsky fez e que essa prática tem sido estendida para os papéis de Trotsky em si. Getty apontou que a correspondência entre Trotsky e oposicionistas na URSS parece ter sido retirada dos arquivos de Trotsky em Harvard, em algum momento antes de serem abertos aos pesquisadores em Janeiro de 1980[75]. Broué e Getty notam que o secretário de Trotsky, Jan Van Heijenoort, lembrou Trotsky e seu filho Leon Sedov a respeito do teor comprometedor de sua correspondência sobre o bloco [dos zinovievistas-trotsquistas] ao tempo das audiências da Comissão Dewey. Como observamos acima, Trotsky decidiu mentir sobre isso. Van Heijenoort, que viveu até 1986, trabalhou com os documentos de Trotsky e foi entrevistado pelo New York Times sobre eles (NYT, 08 de janeiro de 1980 p. A14). Mas nem lá, nem em suas memórias[76], Van Heijenoort nunca revelou que ele tinha conhecimento pessoal de que Trotsky (e Sedov) tinham deliberadamente mentido à Comissão Dewey.
Também Isaac Deutscher teve acesso especial aos documentos de Trotsky graças à viúva de Trotsky, inclusive para que pudesse escrever a sua famosa biografia em três volumes a respeito de Trotsky. Deutscher não revelou a existência do bloco dos direitistas e trotskistas nem a carta de Van Heijenoort. No entanto, ele já tinha acesso ao mesmo arquivo "fechado" que Getty estudou apenas muito mais tarde. É lógico concluir que Deutscher viu a mesma evidência que Getty e também sabia que Trotsky tinha mentido à Comissão Dewey, mas preferiu não revelar isso. [77]

  • Não obstante, a falsificação da obra de Trotsky, tem caráter de mentira coletiva, porque envolve algumas figuras inevitavelmente: 1) o Biografo de Trotsky Isaac Deustcher que teve acesso a totalidade dos arquivos de Trotsky graças a Sedova — ex-esposa de Trotsky —; 2) Sedova, a ex-esposa de Trotsky e, por fim; 3) seu secretário, Jan Van Heijnoort. Esses são os principais falsificadores da obra de Trotsky, ou seja, são os principais suspeitos de terem removido as correspondências diretas de Trotsky com colaboradores na URSS já no decorrer dos anos de 1930. As ocultações, no entanto, não eliminaram para posterioridade todos os vestígios que ligam Trotsky aos réus de moscou, os envelopes com os endereços dos réus, foram plenamente encontrados, e dúvidas sobre o conteúdo destas cartas, restarão a nós por toda eternidade. Destarde, faz-se o suficiente para confirmar que eles se comunicavam como disseram os réus de Moscou. Aqui a verdade se impõe: quem, apesar dessas evidências, nega a existência e a tentativa de golpe por parte do bloco dos zinovievistas-trotskistas, não pode mais declarar a si próprio como comunista.

As duas pessoas que mais provavelmente podem ter "expurgado" os arquivos de Trotsky da correspondência com os seus apoiadores dentro da URSS são Deutscher e Van Heijenoort. Esposa de Trotsky também teve acesso. Mas pelo menos uma carta muito pessoal de Trotsky à sua esposa permanece nos arquivos - algo que seria de esperar que ela removesse. Em qualquer caso, é evidente que Van Heijenoort omitiu os contatos de Trotsky com seus seguidores na URSS. Possivelmente Van Heijenoort, ou Deutscher, ou possivelmente algum defensor do legado de Trotsky, dotado de um raro acesso privilegiado, deliberadamente falsificou seu arquivo.
Isso faz com que seja duplamente curioso saber exatamente o que estava naquelas cartas de Trotsky para os oposicionistas que foram removidas e das quais Getty encontrou apenas o envelope com os endereços. Fica a pergunta: quais eram as informações nessas cartas a seus seguidores na URSS que teriam sido tão sensíveis que as pessoas leais a Trotsky sentiram que seria necessário removê-las, mesmo deixando materiais pessoais sensíveis para trás? A resposta lógica é: material político sensível. Com certeza era algo mais do que a mera prova de que Trotsky esteve em contato com seus seguidores na URSS, pois essa evidência continuou no arquivo. Como Getty diz:
No arquivo existe um livro de Sedov contendo os endereços dos trotskistas no exílio e na URSS. Está nos Arquivos Trotsky: o número é 15 741. A seção que recolhe a correspondência de Trotsky no exílio contém cópias dessas cartas (GETTY-TROTSKY 34, n. 16).
Portanto, os seguidores de Trotsky, que tiveram acesso a documentos de Trotsky não sentiram que este material seria politicamente sensível o suficiente para ser removido. Então, o que teria sido? Então, a alternativa preferível seria algo como: material que confirmaria as acusações feitas contra Trotsky nos Julgamentos de Moscou. Tal evidência teria irremediavelmente arruinado a reputação de Trotsky, enquanto que justificaria, aos olhos de muitos, as repressões do final dos anos 1930 e, portanto, Stalin. Tal evidência teria ameaçado abalar os alicerces do trotskismo. [78]

  • Ainda nos arquivos de Trotsky são encontradas evidências que o ligam ao governo de Berlim, Praga e Istambul, ou seja, o nazismo e seus satélites. Trotsky, ou melhor, os trotskistas que vem alterando sua obra, o tornam o primeiro suspeito justamente por eliminar provas que liga Trotsky aos réus de Moscou e que o Ligariam a todos os países inimigos dos soviéticos.

No julgamento de 1936 de Zinoviev, Kamenev e outros, a colaboração em primeira mão entre Trotsky e o governo alemão diz respeito à colaboração com a inteligência alemã. O réu Valentin Ol´berg afirmou que obteve da Gestapo um passaporte hondurenho para entrar na URSS com a ajuda de seu irmão Paul, um agente alemão. Ele testificou posteriormente que lhe foi dado o dinheiro para comprá-lo de uma organização trotsquista alemã porque Sedov lhe disse para providenciá-lo. Getty descobriu evidências no arquivo de Trotsky de que Trotsky tinha “contatos seguros em Berlim, Praga e Istambul” (Getty, 28). Na medida em que os trotsquistas alemães de fato existissem, então o alegado contato com Ol´berg poderia ter acontecido. Não podemos dizer mais que isso. O alegado contato entre os trotsquistas e a Gestapo era para o alegado propósito de organizar os assassinatos de Stalin e Voroshilov. Não existe testemunho desse julgamento que trate dos contatos de Trotsky com os alemães e japoneses para propósitos militares.
Ol´berg proclamou que existia uma sistemática colaboração entre a Gestapo e os trotsquistas alemães com o consentimento de Trotsky. Diz a acusação de abertura de Vishinsky:
Na medida em que a investigação foi estabelecida, V. Olberg chegou até a URSS com o passaporte de cidadão da República de Honduras obtida com a ajuda da Polícia Secreta Alemã (Gestapo). Nesse ponto V. Olberg, durante a investigação no escritório do estado maior da URSS, testificou que
“Sedov prometeu ajudar a obter um passaporte para retornar para a URSS mais uma vez. Mas eu tive sucesso em obter um passaporte com a ajuda de meu irmão mais novo, Paul Olberg. Graças à minha conexão com a polícia alemã e seu agente em Praga, V. P. Tukalevsky, eu, através de um suborno, obtive passaporte de cidadão da república de Honduras. O dinheiro do passaporte – 13 000 coroas tchecas –e obtive de Sedov, ou melhor, da organização trotsquista que agia sob as instruções de Sedov.
Reexaminada a questão das conexões com a gestapo, V. Olberg em 31 de julho desse ano testificou:
Confirmando também meu testemunho de 9 de maio desse ano, eu enfatizo que minha conexão com a Gestapo não era em todo caso uma exceção, da qual alguém poderia falar como uma falha de um trotsquista individualmente. Era algo em conforme com a orientação dada por L. Trotsky através de Sedov. A conexão com a Gestapo seguiu a linha de organizar o terrorismo na URSS contra os líderes do partido comunista da União Soviética e o governo soviético. Não podemos verificar se Gol'tsman conheceu Trotsky, como testemunhou. Mas Holmström verificou que Gol'tsman disse a verdade sobre o hotel. Além disso, sabemos que Trotsky estava de fato em contato com Gol'tsman e vice-versa, como alegou Gol, pois Getty divulgou essa informação no Trotsky Papers de Harvard. (Getty 28).[79]

  • Embore negue contato com os réus de Moscou, sobretudo, na Comissão de Deway, agora está evidente que, em 1932, ele enviou cartas pessoais secretas aos principais opositores Karl Radek, G. Sokol'nikov, E. Preobrazhensky e outros. Embora jamais saberemos do conteúdo dessas cartas, porque foram eliminadas conforme orientação de Jan Van Heijnoort, parece razoável que elas envolveram uma tentativa de convencer os destinatários a voltar à oposição como narram os réus. Getty afirma que os documentos de Trotsky arquivados em Harvard mostram que Holtzman, um “ex-trotskista”, conheceu Sedov em Berlim em 1932 “e deu a ele uma proposta do veterano trotskista Ivan Smirnov e outros oposicionistas de esquerda na URSS para a formação de uma oposição unida bloco embora Trotsky tenha declarado nas audiências de Dewey sobre o interrogatório de Goldman que ele nunca teve nenhuma "comunicação direta ou indireta" com Holtzman.[80]

  • Se as declarações de Trotsky à Comissão Dewey e suas declarações em sua autobiografia minha vida forem consideradas no contexto das alegações apresentadas por Vyshinsky em Moscou, várias conclusões podem ser sugeridas:

  • 1. Desde 1925, houve um bloco de Trotsky-Zinoviev-Kamenev, ou um "centro de oposição", que os estados de Trotsky tinham um "comitê executivo; que funcionava como um 'comitê central' do partido alternativo ”.

  • 2. Embora Zinoviev e Kamenev estivessem alinhados por um tempo com Stalin porque, principalmente, seria impossível a ele se opor pela tentativa de antagonizar a teoria do socialismo num ou poucos países tanto do leninismo como da revolução permanente. Uma verificação que se estende, sobretudo, de suas posições, permite averiguar que eles possuem motivos para uma aliança contrarrevolucionária com Trotsky, e falaram em manifestações em massa, juntamente com outros como Radek. O verdadeiro teatro foi o alinhamento de Kamenev, Zinoviev, Bukharin e Radek com Stalin.

  • 3. Trotsky subsequentemente condenou Kamenev, Zinoviev como "desprezíveis" por "capitular", mas Zinoviev, por conta própria de Trotsky, estava escrevendo para ele em novembro de 1928 e alertando sobre o que ele esperava ser os ataques de Stalin.

  • 4. A veemência com que Trotsky atacou Kamenev, Zinoviev e outros réus de Moscou foi um mero artifício para desconsiderar um bloco unido da oposição, que, segundo Rogovin, havia sido formalizado como um “bloco anti-stalinista” Em 1932.

  • 5. Por conta própria de Trotsky, ele e Zinoviev, Kamenev, Radek, e Bukharin estavam na vanguarda de uma vasta organização que possuía força suficiente para organizar perturbações em massa de eventos oficiais em Moscou e Leningrado, que também tinham apoio entre pessoal militar e policial.

  • As descobertas relativamente recentes da carta de Trotsky enviada a Radek, em 1932, referida por J Arch Getty, as investigações de Kirov, que eram um prelúdio aos julgamentos de Moscou, foram cuidadosamente realizadas. Quando ainda havia evidências insuficientes contra Trotsky, Zinoviev e Kamenev e etc, isso foi concedido pela imprensa do partido. Quando o testemunho foi obtido, implicando os líderes de um bloco de oposição, esse testemunho demonstrou estar em conformidade com o que veio à tona recentemente nos arquivos do Kremlin e nos documentos de Trotsky em Harvard. Diferentemente de praticamente todas as outras cartas de Trotsky (inclusive as mais sensíveis), nenhuma cópia delas permanece nos Documentos de Trotsky. Parece provável que elas tenham sido removidas dos Documentos em algum momento, como já mencionado. Apenas os recibos de correio certificados e envelopes permanecem. Em seu julgamento de 1937, Karl Radek testemunhou que havia recebido uma carta de Trotsky contendo "instruções terroristas", mas não sabemos se essa foi a carta em questão. Assim, com ajuda de Grover Furr e Getty podemos concluir:

Do possível envolvimento com a gestapo, o réu Natan Lur´e confessou que ele havia combinado assassinatos sobre a liderança de Franz Weitz, um agente da Gestapo. Lur´e acreditou que Weitz argumentou que os trotskystas e a Gestapo deveriam trabalhar juntos para seus objetivos comuns. Ele afirmou que nunca encontrou nenhum deles pessoalmente, afinal de contas.
Certeza em estudos históricos é basicamente impossível. Nós nunca temos tantas evidências de como gostaríamos de ter. Isto é verdade na jurisprudência e na investigação científica em geral.
O único procedimento racional e responsável é estudar todas as evidências que temos e chegar a uma conclusão com base nessa prova, ou a preponderância do mesmo. Se e quando não há evidência "de ambos os lados" a respeito de uma determinada questão para que não possam ser objetivamente definido onde a preponderância das provas encontra-se, devemos considerar que devemos concluir com o que temos
1. O documento de Gorbatchev 1989 conclui que nenhum bloco ou agrupamento de zinovievistas e Trotskistas existiu.
Foi estabelecido, portanto, que, depois de 1927, o ex-trotskistas zinovievistas não realizaram qualquer luta organizada contra o partido, não se uniram uns com os outros, nem por um terrorismo ou qualquer outra base, e que o caso do "Centro Unido trotskista Zinovievista Terrorista" foi fabricado pelos órgãos do NKVD na ordem direta e com a participação direta de JV Stalin.
Sabemos que isso não é verdade. Tal bloco de fato existiu, e sua existência tem sido comprovada a partir de documentos no próprio arquivo de Trotsky na Universidade de Harvard. Arch Getty coloca, desta forma, em seu livro pioneiro publicado em 1985;
Em algum momento de outubro de 1932, E.S. Gol'tsman (um oficial soviético e trotskista) reuniu-se Sedov em Berlim e deu-lhe um memorando interno sobre a produção econômica soviética. Este memorando foi publicado no Boletim [da Oposição] no mês seguinte, sob o título "A Situação Econômica da União Soviética”. Parece, porém, que Golt´tsman levou a Sedov outra coisa: uma proposta dos oposicionistas à esquerda na URSS para a formação de um bloco unido de oposição. O bloco proposto era para incluir trotskistas, zinovievistas, membros do grupo de Lominadze, e outros. A proposta veio de "Kolokolnikov" - o codinome de Ivan Smirnov (Getty, Origins 119).
Depois de uma discussão mais aprofundada do que Trotsky pode ter pensado sobre o bloco, como foi revelado nos papéis de Harvard, Getty continua:
É claro, então, que Trotsky tinha uma organização clandestina dentro da URSS neste período e que ele mantinha a comunicação com ela. É igualmente claro que um bloco unido de oposição foi formado em 1932. A partir das evidências disponíveis, parece que Trotsky não previu nenhum papel "terrorista" para o bloco, apesar de seu apelo a uma "nova revolução política" para remover "os quadros, a burocracia", [pode-se dizer que] poderia muito ter sido interpretada assim em Moscou. Há também razão para acreditar que depois da decapitação do bloco através da remoção de Zinoviev, Kamenev, Smirnov e outros da organização, muitos ainda continuaram no bloco, que prosseguiu formado principalmente por oposicionistas menos proeminentes: os seguidores de Zinoviev, com quem Trotsky tentou manter contato direto.
É igualmente provável que o NKVD sabia sobre o bloco. Os grupos de Trotsky e Sedov eram completamente infiltrados, e o mais próximo colaborador de Sedov em 1936, Mark Zborowski, também, bem possivelmente, foi agente da NKVD. Em 1936, o bloco de 1932 seria interpretado pela NKVD como uma conspiração terrorista e que forneceu o pretexto inicial para a campanha de Ezhov para destruir a antiga oposição. Smirnov, Gol'tsman, Zinoviev, Kamenev e Trotski (in absentia) seriam os réus nos julgamentos públicos de 1936, e os eventos de 1932 formariam a prova base para a sua acusação (Getty, Origins 121).
Se a existência do bloco entre zinovievistas e trotskistas de 1932 em diante pode ser demonstrada pelos próprios documentos de Trotsky e, além disso, era conhecida desde pelo menos 1985, então podemos estar certos de que poderia ter sido demonstrada em 1988 junto dos materiais de investigação de 1936 que estavam disponíveis ao partido e aos investigadores que fizeram a "Reabilitação" em 1987-88. Mesmo que, de alguma forma, esses materiais não estivessem disponíveis na Rússia, as comissões da Era Gorbachev poderiam ter simplesmente ter concluído que a existência de tal um bloco permaneceu não provada.
E, claro, eles poderiam ter se referido à pesquisa realizada por Getty e também pelo famoso trotskista Pierre Broué, que também estudou os arquivos de Trotsky em Harvard e reconheceu na imprensa que o bloco realmente existiu, e que Trotsky, ao negar isso, mentiu. Nós mostramos em outro lugar que o "Protesto" (que quer dizer recurso), ou seja, ambos, tanto o Ministério quanto o Decreto do Plenário do Supremo Tribunal Soviético, e, no caso de Bukharin, o último documento datado 4 de junho de 1988 e ainda secreto, deliberadamente falsificam uma das principais evidências que citam, e da mais grave maneira.[81]

  • O fato de que, no presente caso, a comissão realizada na Era Gorbachev negou que esse bloco oposicionista tivesse existido serve ainda mais como prova de que não podemos assumir que as conclusões destas comissões como honestas ou verdadeiras.

5. Conclusão Parcial


  • Existe muito o que desvendar sobre os arquivos de Trotsky e, certamente, as evidências devem ser estudadas com cuidado. Em breve, num próximo passo, deve-se analisar cada evidência encontrada por Getty e as confrontar com diversas outras de cunho presencial tal como os testemunhos vistos e relatados pelo embaixador estadunidense na URSS, além daqueles todos citados no início deste texto. Assim, resta uma evidência que sugere a ligação dos depoimentos dos réus de Moscou, vistos pessoalmente pelo embaixador J.E. Davies — ao qual segundo o diplomata são impossíveis de serem inventados sem um gênio criativo de grande escala —, com os envelopes e cartas encontradas por Getty. Se Getty encontrou os envelopes dos réus que testemunharam frente ao embaixador dos EUA, J.E. Davies, certamente, nessas duas evidências residem o elo entre os arquivos pessoais de Trotsky e os processos de Moscou.

  • Joseph Edward Davies foi um advogado e diplomata americano com muita experiência autenticação de depoimentos e sua credulidade. Ele foi nomeado pelo Presidente Wilson para ser Comissário de Empresas em 1912 e Primeiro Presidente da Comissão Federal de Comércio em 1915. Foi o segundo embaixador a representar os Estados Unidos na União Soviética. Davies foi nomeado por Franklin D. Roosevelt e serviu de 1936 a 1938. Sua nomeação foi feita em parte com base em suas habilidades como advogado corporativo (presidente da FTC) e internacional, sua amizade de longa data com FDR desde os dias de Woodrow Wilson o remeteu a confiança máxima por sua lealdade política a Roosevelt. Davies, tinha sido convidado por FDR a avaliar a força do Exército Soviético, seu governo e indústria e descobrir se possível de que lado os russos estariam na "guerra vindoura". Seus relatórios da União Soviética eram pragmáticos, otimistas e geralmente desprovidos de críticas a Stalin e suas políticas. Davies elogiou os ilimitados recursos naturais da nação e o contentamento dos trabalhadores soviéticos enquanto "construíam o socialismo". Ele fez numerosas turnês pelo país. Em um de seus memorandos finais de Moscou a Washington DC, Davies avaliou: O comunismo não representa uma ameaça séria para os Estados Unidos. Relações amistosas no futuro podem ser de grande valor geral. E sobre os testemunhos dos réus nos processos de Moscou ele, constantemente, dizia:

Com um intérprete ao meu lado, segui o testemunho com cuidado. Naturalmente, devo confessar que estava predisposto a ir contra a credibilidade do testemunho desses acusados. A unanimidade de suas confissões, o fato de seu longo encarceramento (incomunicável) com a possibilidade de coação e coerção estendendo-se a si ou a suas famílias, todos me deram sérias dúvidas quanto à confiabilidade que poderia atribuir às suas declarações. Visto objetivamente, no entanto, e com base na minha experiência no julgamento de casos e na aplicação dos testes de credibilidade que a experiência passada me proporcionou, cheguei à conclusão relutante de que o Estado havia estabelecido seu caso, pelo menos na medida em que comprovando a existência de uma conspiração e uma trama generalizada entre os líderes políticos contra o governo soviético, e que, de acordo com seus estatutos e leis, estabeleceram os crimes narrados na acusação. Ainda me resta, no entanto, algumas reservas baseadas nos fatos, de que tanto o sistema de aplicação de sanções por violação da lei como a psicologia dessas pessoas são tão diferentes da nossa que talvez os testes que eu aplicaria não seria preciso se empregado aqui. Supondo, no entanto, que basicamente a natureza humana seja a mesma em todos os lugares, ainda estou impressionado com as muitas indicações de credibilidade obtidas no decorrer do testemunho. Assumir que esse processo foi inventado e encenado como um projeto de ficção política dramática seria pressupor o gênio criativo de Shakespeare e o gênio de Belasco na produção teatral. O contexto histórico e as circunstâncias circundantes também dão credibilidade ao testemunho. O raciocínio aplicado por Sokolnikov e Radek na justificativa de suas diversas atividades e de seus resultados esperados era consistente com a probabilidade e inteiramente plausível. Os detalhes circunstanciais, aparentemente, às vezes, surpreendentes até para o promotor, bem como para outros réus, revelados pelos vários acusados, deram uma corroboração não intencional à essência das acusações. A maneira de testemunhar dos vários acusados ​​e sua influência no estande também tiveram peso comigo. A declaração desapaixonada, lógica e detalhada de Pyatakov e a impressão de franqueza desesperadora com a qual ele a deu, foram convictas. O mesmo acontece com Sokolnikov. O velho general, Muralov, foi particularmente impressionante. Ele se portava com uma boa dignidade e com a franqueza de um velho soldado. Em seu "último pedido", ele disse: Recuso-me a aconselhar e recuso-me a falar em minha defesa porque estou acostumado a me defender com boas armas e a atacar com boas armas. Não tenho boas armas para me defender... Não ouso culpar ninguém por isso; eu mesmo sou o culpado. Essa é a minha dificuldade. Este é o meu infortúnio.[82]

  • Davies participou do Julgamento de diversos acusados de traição no expurgo do final da década de 1930. Ele estava convencido da culpa dos acusados. Segundo Davies, "os medos do Kremlin [em relação à traição no Exército e no Partido] foram bem justificados". Suas opiniões estavam em desacordo com grande parte da imprensa ocidental da época. Davies chegou a afirmar que o comunismo estava "protegendo o mundo cristão dos homens livres", e exortou todos os cristãos "pela fé que você encontrou no colo de sua mãe, em nome da fé que encontrou nos templos de adoração" para abraçar o União Soviética. Sobre o caso Bukharin, ele disse:

“Ainda que eu tenha preconceitos contra a prova por confissão e contra um sistema judiciário que não assegura, por assim dizer, nenhuma proteção ao acusado, após ter, a cada dia, observado as testemunhas e a sua maneira de testemunhar, anotado as corroborações inconscientes que foram apresentadas e outros factos que marcaram o processo, penso, concordando com outros que consideram que o julgamento é aceitável, que, no que respeita aos acusados, eles cometeram crimes suficientes segundo a lei soviética, crimes estabelecidos pela prova e sem que uma dúvida razoável seja possível, para justificar o veredicto que os torna culpados de traição e a sentença que os condena à pena prevista pelas leis criminais da União Soviética. É sentimento geral dos diplomatas que têm assistido ao processo que a prova estabeleceu a existência de um complot extremamente grave”[83].

  • Além disso, temos conhecimento, desde 1971, que Bukharin e seu grupo estavam planejando assassinar Stalin entre 1928 e 1929. O amigo próximo de Bukharin, Jules Humbert-Droz, um ativo comunista suíço, rompeu com Bukharin por causa disso e escreveu sobre o fato em seu livro de memórias publicado em 1971. Escrevendo na Suíça e 40 anos após o evento, Humbert-Droz não tinha nenhum motivo para mentir sobre o assunto. Este livro de memórias tem sido ignorado por todos os escritores da Guerra Fria que escrevem sobre Bukharin, começando com o premiado Stephen Cohen, autor da biografia publicada em 1973[84].

  • Todos esses testemunhos, só poderão ser melhor avaliados num momento posterior em posse das evidências e de todos os historiadores que passaram pelos arquivos.

Anexo 1

Carta de diretiva do promotor da URSS I.A. Akulov aos promotores da União e repúblicas autônomas, territórios e regiões sobre o fortalecimento da aplicação do artigo 58-10 do Código Penal do RSFSR em conexão com o assassinato de S.M. Kirov

23 de janeiro de 1935

Segredo máximo.

No. 13/36/00728

  • A todos os procuradores da União e das repúblicas autônomas, procuradores regionais (regionais). A intensificação da ativação de elementos antissoviéticos na forma de agitação contrarrevolucionária, observada em conexão com o assassinato do camarada KIROV, aprovando não apenas o ato terrorista contra o camarada KIROV, mas também a comissão de tais atos terroristas contra outros líderes do Partido e do governo soviético, definiu a tarefa do gabinete do promotor de suprimir rápida e decisivamente esse tipo de contrarrevolução performática.

  • Com um entendimento comum dos perigos de tais discursos contrarrevolucionários por parte dos promotores locais, foram notados vários casos de miopia política e monótona vigilância de classe de alguns promotores que encontraram expressão em um mal-entendido do perigo particular de elementos antissoviéticos falando com propaganda terrorista. Então, por exemplo:

  • O promotor da RANDEL da região de Kandalaksha (República Socialista Soviética Autônoma da Carélia) recusou-se a prendê-lo por ações contrarrevolucionarias que aprovam atos terroristas contra os líderes do Partido e do governo soviético, sem considerar tais declarações contrarrevolucionárias.

  • Os órgãos da ONG UGB foram presos SOTINSKY GA, que liderou a agitação contrarrevolucionária pela necessidade de realizar ataques terroristas aos líderes do partido e do poder soviético]. O promotor do distrito de Kineshem YEREMIN no caso SOTINSKY deu a seguinte conclusão: “Não concordo com a remessa do caso à Reunião Extraordinária, pois as ações de SOTINSKY não contêm corpus delicti. O processo criminal deve ser encerrado, o acusado deve ser libertado da custódia.”

  • Fatos semelhantes ocorreram na região de Voronezh, onde o promotor do opressor Usman DERGACHEV libertou duas pessoas presas que, após o assassinato do camarada KIROV, por realizaram campanhas contrarrevolucionárias entre os trabalhadores, indicando que “todo o Comitê Central do PCUS (b) deve ser morto”. É necessário matar o camarada STALIN ", etc', etc.

  • Por ordem do promotor do RSFSR, o camarada ANTONOVA-OVSEENKO, o promotor do distrito de Kandalaksha RENDEL foi demitido do trabalho, com a transferência da questão de sua permanência nas fileiras do PCUS (B.) às organizações do Partido. Demiti o promotor da região de Kinesham, IPO YEREMIN, e investiguei os fatos da miopia política e o embotamento da vigilância de classe demonstrada por funcionários do Ministério Público da região de Voronezh. Em conexão com o pedido de vários procuradores do Ministério Público da União para esclarecimentos sobre as qualificações dos discursos contrarrevolucionários acima menciona­dos, eu explico:

  • 1. Discursos contrarrevolucionários que aprovam atos terroristas contra os líderes do Partido e do governo soviético, se qualificam nos termos do art. 58-10 do Código Penal do RSFSR e os artigos correspondentes do Código Penal das repúblicas da União 47 .

  • 2. Nos casos em que tais discursos são organizados (discussão da necessidade de atos terroristas contra os líderes do partido e do governo, tratamento de pessoas ou membros da fuppa na direção do ataque terrorista), mesmo na ausência de elementos de preparação direta do ataque terrorista (encontrar meios, maneiras, descobrir possibilidades etc.) devem ser qualificados de acordo com o art. 58-11-16-58-8 do Código Penal do RSFSR e os correspondentes] artigos do Código Penal das Repúblicas da União, com o fato, no entanto, de que tais casos não são cobertos pela lei de 1º de dezembro de 1934 referente ao procedimento a ser considerado.

  • 3. Relativamente à jurisdição dos casos previstos no art. 58-10 do Código Penal, proponho ser guiado pelo seguinte:

  • a) casos em grupo nos termos do art. 58-10 do Código Penal, se houver evidência suficiente para consideração em tribunal, envie a colégios especiais sob jurisdição.

  • b) casos em relação a indivíduos acusados ​​de propaganda terrorista e declarações terroristas], “bem como casos fupp para os quais não há provas documentais suficientes para serem consideradas nos tribunais” *, como regra, são enviados para consideração na Reunião Extraordinária no NKVD da URSS, que no entanto, isso não significa encaminhar esses casos para consideração a faculdades especiais se isso for causado por condições locais ".

  • Eu aviso a todos os funcionários do Ministério Público que qualquer manifestação de miopia política, monótona vigilância de classe nesses assuntos implicará a remoção imediata dos que permitiram isso, com a questão de estarem no partido.

Procurador da URSS I. Akulov

*A parte do texto entre colchetes é riscada.

[Apêndice]

Despacho do promotor da URSS nº 55 / 2s *** sobre os promotores de sentença da República Socialista Soviética Autônoma ****

23 de janeiro de 1935

Secretamente

  • Em 10 de dezembro de 1934, foi apresentado um caso contra o chefe do Conselho dos Comissários do Povo da União Soviética das Repúblicas Socialistas Soviéticas nos procedimentos da UNKVD AKSSR sob acusações de Vasily Pavlovich SAFRONOV.

  • Durante a investigação deste caso, verificou-se que o pai de Vasily Safronov, Pavel Alexandrovich SAFRONOV, depois de saber sobre o assassinato do camarada KIROV, disse em seu círculo de conhecidos que "o KIROV não é suficiente, é necessário matar Stalin". .

  • No decurso da investigação, Pavel e Vasily SAFRONOV foram presos e acusados ​​de acusações com base no art. 58-8 do Código Penal.

  • 20 de dezembro de 1934, quarto Procurador ACSS para especial. os casos do camarada MAJ 1 KOBA, Nina Yakovlevna, depois de ler os materiais do caso, propuseram libertar Pavel SAFRONOV por escrito.

  • Levando em conta que o MALKOVL mostrou um completo mal-entendido das tarefas que as autoridades da acusação enfrentam atualmente e que, nessas condições, sua presença adicional no trabalho do promotor é inaceitável; que pom. o promotor da República Socialista Soviética Autônoma da VLASOV, cumprindo os deveres do promotor da república, admitiu a falta de uma gestão adequada do trabalho da MALKOVA e, em particular, a supervisão dos assuntos da UNKVD; que agindo o promotor da AKSSR MIKHAILOVICH não garantiu a organização adequada do trabalho no setor para fins especiais. assuntos - EU PEDIDO:

  • 1. Pom. Promotor da AKSSR - MALKOVA Nina Yakovlevna para declarar uma severa repreensão pelo trabalho no escritório do promotor <remover> '

  • 2. Procurador Pom da República Socialista Soviética Autônoma - Vlasov para declarar uma repreensão severa.

  • 3. I.O. Procurador da ACSS - MIKHAILOVICH Georgy Stepanovich para indicar a falta de monitoramento adequado do setor especial.

  • 4. Uma cópia desta ordem deve ser enviada aos promotores das repúblicas, territórios e regiões da União, promotores militares de distritos e promotores de estradas.

Procurador do Sindicato dos Tubarões da SSR

GA da Federação Russa. F. P-8131. Ele é 38. D. 6. L. 4-8. O original.

*As palavras entre colchetes angulares são manuscritas.

** Cláusula 3 com as alíneas a), b) Dobaapen I.A. Akulov. Texto em uma folha separada.

*** O número e a data do pedido são inseridos a lápis.

Então no texto. Segue-se: KASSR - República Socialista Soviética Autônoma da Carélia.

Fonte:

ANEXO 2

GROVER FURR

(Retirado de parte do capitulo 1 da obra “The Murder Of Sergei Kirov”, Tradução própria, fonte:https://neodemocracy.blogspot.com/2019/12/the-murder-of-sergei-kirov-kirilina.html)

Kirilina

  • Em seu capítulo introdutório, Lenoe afirma que "sua maior dívida é com Alla Kirilina, a estudiosa mais experiente do mundo sobre o assassinato de Kirov". (Lenoe 15) O chefe de longa data do Museu Kirov em Leningrado / São Petersburgo, o trabalho mais recente de Kirilina sobre o assassinato de Kirov é Neizyestnyi Kirov ("O desconhecido Kirov '') (2001). A terceira parte deste trabalho, "Riko-shet" (também o título de um livro anterior de Kirilina) é a discussão de Kirilina sobre assassinato, investigação, julgamento e consequências. Nela, Kirilina mostra a visão do assassinato implícita em seu inteligente título: que Nikolaev era um "atirador solitário" e a bala que matou Kirov "ricochetaram" para matar muitos outros.

  • Kirilina escreveu seu estudo antes do lançamento de muitos dos materiais probatórios que temos agora e que Lenoe e Ege citam. Aparentemente, mesmo com sua posição como diretora do Museu de Kirov não teve acesso a esses materiais, muito menos aos que ainda não foram desclassificados. Para nossos propósitos atuais, o estudo de Kirilina sobre o assassinato de Kirov e suas conseqüências é importante principalmente porque Ege e, especialmente, Lenoe admitem que se basearam nele. Examinaremos Kirilina em dois aspectos. Primeiro, demonstraremos que Kirilina não desmistificou — de fato ela nem tentou — o caso do assassinato de Kirov. Depois, apontaremos alguns fatos importantes que Kirilina revela e que Lenoe omitiu ou suprimiu, questões ausentes do estudo muito mais longo de Lenoe.

  • Desde os dias de Khrushchev, e especialmente desde o período posterior de Gorbachev, a visão oficial soviética e russa do assassinato de Kirov é que o assassino, Leonid Nikolaev, era um "atirador solitário". Kirilina, Lenoe, Egge e praticamente todos os outros estudiosos "dominantes" da história soviética adotaram essa posição "oficial", a implicação disso é que os Julgamentos de Moscou eram falsificações ou falsificações e os réus eram inocentes, injustamente executados por Stalin. No presente estudo, mostramos que não há nenhuma evidência para essa posição e uma enorme quantidade de evidências contra ela. Parece que estudiosos anticomunistas o adotaram apenas por razões ideológicas.

  • Kirilina começa com a suposição, quase universal entre os principais historiadores do período soviético, de que os julgamentos de Moscou foram armadilhas ou "falsificações". (205) O problema com essa suposição é que ela predetermina basicamente o restante do estudo de Kirilina. O assassinato de Kirov figurou com destaque nos três julgamentos públicos de Moscou de 1936, 1937 e 1938. Se os julgamentos de Moscou são declarados como armações contra homens inocentes, ninguém permanece como cúmplice ou acessório do ato de Nikolaev. Como ninguém mais acredita seriamente que Stalin matou Kirov, a única possibilidade remanescente permitida pela suposição de que os julgamentos foram falsificações é que Nikolaev deve ter agido sozinho.

  • Em suma, Kirilina "mendiga a questão" do assassinato de Kirov. Ela não apresenta uma hipótese e, em seguida, decide determinar se as evidências disponíveis apoiam essa ou outra hipótese historiográfica. Ela assume desde o início que Nikolaev agiu sozinho. Como demonstraremos, Lenoe e Egge também fazem isso. Como eles, Kirilina cita muitas evidências às quais ela foi a primeira estudiosa a ter acesso. Essas evidências são muito interessantes e importantes. Aliás, esse conjunto não apoia em nada sua conclusão pré-concebida.

  • Examinaremos brevemente alguns exemplos do que parece ser incompetência no livro de Kirilina. Também identificaremos algumas afirmações que parecem intencionalmente falsas. Certamente, alguma forma de prevaricação é essencial em uma obra como a de Kirilina ─ que se apresenta aos seus leitores como uma tentativa de descobrir a verdade, "resolver o crime", mas apresenta um argumento tendencioso a favor de uma conclusão preconcebida.

  • Aliás, quando essa conclusão preconcebida contraria praticamente todas as evidências que temos — e temos muitas evidências relativas à morte de Kirov — a autora determinada a negar esse fato e a promover, em vez disso, uma versão dos eventos que é contrariada pelas evidências a cada momento pode ser compelida a empregar meios transparentes em sua tentativa de disfarçar a verdade. O que parece ao leitor objetivo como imperícia pode muito bem ser (ou também) falsidades deliberadas, uma tentativa de persuadir e enganar, em vez de genuína ignorância ou incompetência.

Incompetência

  • Como Lenoe, cujo trabalho examinaremos mais adiante, Kirilina comete vários erros descuidados:

  • * Ela relata de uma notícia de jornal que indica Andrei YA. Vyshinskii, promotor nos julgamentos de Moscou e promotor assistente no julgamento de Kirov em dezembro de 1934, acreditava que "a confissão é a rainha da evidência" (219):

  • O jornal "Moskovskii Komsomolets in St. Petersburg", em sua edição de 6 a 13 de dezembro de 2000, publicou uma breve nota sobre o assassinato de Kirov. Questionando se foi Nikolaev mesmo quem matou Kirov e argumenta que, no fundamento da confissão de Nikolaev, está a posição conceitual incorreta de A. Ia. Vyshinski, na época procurador-geral da URSS, que considerou "a confissão é a rainha de todas as evidências"...

  • Este boato foi refutado há muito tempo. Tanto No discurso de Vyshinskii no Plenum do Comitê Central de fevereiro-março de 1937, publicado em 1995 (Vopro [J Istorii. N! T2, 1995, p. 11), ataca especificamente a noção de confiar em confissões em vez de outras evidências, como, também, em seu trabalho posterior, Theory of Trial Evidence in Soviet Law (Moscow 1946) Vyshinskii critica o fato de que a confissão, mesmo quando obtida sob "tortura" (pytkz), foi considerada "rainha das provas" nos séculos XV e XVI. na Europa.

  • Os métodos de "prova" também eram extremamente simples naquela época. O meio mais confiável de "provar" era o uso de sofrimento físico, tortura, sob os golpes dos quais era fácil obter a própria confissão do réu, considerada "a melhor evidência do mundo: a rainha de evidência ". 4

  • 4 Vyshinsky, A. IA. Teoriia sudeb '! Jkh dokazatel'stv v sovetskom prave ("Teoria da evidência experimental no direito soviético"), Seção 3. Em http://scilib.narod.ru/Other/Vyshinsky /v.htm#l_3

  • Embora Kirilina seja crítica das outras afirmações deste artigo, ela nunca aponta o erro do autor (Bastrykin) ao atribuir falsamente a Vyshinskii o que de fato ele se opunha fortemente.

  • *Na pág. 342 de sua obra Kirilina afirma:

  • Observo que foi Iagoda quem pronunciou essas palavras pela primeira vez no julgamento do Bloco de Direitos e Trotskistas em 1938: "Zaporozfaets libertou Nikolaev em minha direção".

  • O texto do julgamento não apenas mostra que Iagoda nunca pronunciou essas palavras, mas que, pelo contrário, Iagoda negou especificamente fazer tal coisa! lagoda declarou em interrogatórios pré-julgamento disponíveis para Kirilina que ele foi informado da libertação de Nikolaev somente após o fato. Discutiremos essa questão em detalhes em outro capítulo do presente trabalho.

  • * Nas páginas 342-3, Kirilina insiste novamente:

  • Zaporozhets não teve nenhuma conexão com o liberação de Nikolaev em 15 de outubro de 1934, citando como sua evidência a testemunha da era Khrushchev, Anshukov, que testemunhou que Zaporozhets estava no hospital em um elenco.

  • Mas yagoda nunca alegou que Zaporozhets estava em Leningrado na época da detenção de Nikolaev em 15 de outubro de 1934. Pelo contrário, em seu interrogatório pré-julgamento de 19 de maio de 193 7 Iagoda afirmou: "Eu pessoalmente não dei nenhuma diretiva sobre como me livrar de Borisov. Zaporozhets não estava em Leningrado naquele momento. " 5 5 Genrikh Jagoda. Narko, nllll Jfrmnikh de / SSR. Gêneros / '1! Ji komissar gos11darstve1111oi bezopasnosti. Sbornik dok11111entov. Kazan ', 1997, p. 184

  • Nesse mesmo interrogatório, Iagoda testificou que soube da tentativa de assassinar Kirov de Enukidze após uma conferência da conspiração, o bloco Direito-Trotskita-Zinovievita, no verão de 1934. Então, nas palavras de Iagoda:

  • Resposta: Chamei Zaporozhets (chefe assistente da Divisão Política) de Leningrado, informei-o sobre a possibilidade de um atentado contra a vida de Kirov e instruí-o a não atrapalhar. (181)

  • [...]

  • Resposta: Zaporozhets me contou um pouco depois que Nikolaev foi libertado.

  • Pergunta: O que ele te disse?

  • Resposta: Zaporozhets estava em Moscou, veio me ver e relatou como em Leningrado um certo Nikolaev, que estava assistindo o automóvel de Kirov, havia sido detido por pessoal da Divisão de Operações. Ele foi levado para a Divisão Política e, ao ser revistado na presença de Gubin, foram encontrados materiais que constituíam evidências de intenção terrorista. Gubin relatou isso a ele e Zaporozhets libertou Nikolaev. (183)

  • Portanto, Yagoda nunca afirmou que Zaporozhets estava em Leningrado quando Nikolaev foi detido em 15 de outubro. O volume de Genrikh Jagoda foi publicado em 1997; O livro de Kirilina, Neizvestf!) 'Kirov, foi publicado quatro anos depois, em 2001. Kirilina teve tempo suficiente para consultar o volume anterior e ver que a declaração de Anshukov não contradiz o testemunho de Iagoda. Mas ela não conseguiu.

  • * Kirilina observa que, de acordo com a lei de 1º de dezembro de 1934, os casos terroristas deveriam ser julgados sem advogados de defesa ou direito de apelação. Ela então observa que, no julgamento de agosto de 1936, os advogados de defesa de fato eram permitidos, mas os recursos não eram permitidos.

  • Por ordem da CEC de 1º de dezembro de 1934, casos envolvendo terroristas deveriam ser conduzidos sem advogados de defesa, a portas fechadas e sem o direito de apelação. No julgamento de 1936 em Moscou, havia advogados de defesa e um público. Talvez esse afastamento da ordem e o direito de apelar da acusação sejam uma "garantia" de Stalin em conluio com os acusados?

  • Nesse caso, eles não permitiram aos réus esse direito.

  • Na noite de 23 e 24 de agosto de 1936, o tribunal anunciou sua sentença e, na mesma noite, foram levados diretamente da sala do tribunal para serem fuzilados. (Kirilina 369)

  • Isto é falso. Os apelos pós-julgamento de uma série de réus de 1936, incluindo Zinoviev, Kamenev, I.N. Smirnov e Natan Lur'e foram publicados na página três do jornal Izyestiia, de 2 de setembro de 1992, anos antes da publicação do livro de Kirilina. Kirilina não tinha desculpa para afirmar que o direito de apelação foi negado a esses réus. Ou Kirilina inventou esse "fato" ou o copiou acriticamente de alguma outra fonte.

Falsidades

  • Além de erros como aqueles acima, que podem ser atribuídos de maneira plausível ao descuido, Kirilina faz muitas afirmações que são descritas com mais precisão como "deliberadamente enganosas" ou "falsidades". Todas são tentativas de enfatizar ou desconsiderar evidências que apoiam a existência de uma conspiração envolvendo Nikolaev.

  • Kirilina observa que em seu interrogatório de 6 de dezembro de 1934, Nikolaev... a princípio confessou que Kotolynov e Shatskii eram participantes do "ato terrorista", mas não conseguiram citar um único pedaço de evidência específica para confirmar esta afirmação. (Kirilina 277)

  • Por evidência "específica (literalmente" concreta ")", Kirilina evidentemente se refere a "evidência material" de algum tipo. Para apoiar esta afirmação, ela cita IU. O artigo de Sedov '' Executado erroneamente" (" Bezvinno kaznennye ") no jornal Trud, de 4 de dezembro de 1990. Mas mesmo Sedov não exigiu "provas específicas" de uma pessoa que confessou a prisão.

  • A demanda de Kirilina por "evidências concretas" (konkretnoe dokazatel'stva) é desonesta. Ela realmente espera que Nikolaev carregue um pedaço de papel assinado por Kotolynov e Shatskii, no qual eles concordaram em participar do assassinato de Kirov?

  • A frase “não conseguiu citar um único pedaço de evidência específica para confirmar esta afirmação” é um "dizer" — um sinal de que Kirilina está muito consciente da fraqueza de seu caso, uma tentativa de descartar evidências que refutam sua própria hipótese.

  • Poucas páginas depois, Kirilina se refere a um interrogatório de Nikolaev em 20 de dezembro de 1934, durante o qual Nikolaev alegou ter abordado o cônsul da Letônia em Leningrado por dinheiro e pedindo que ele fizesse contato com Trotsky em nome do grupo. Kirilina diz que isso "não é suportado por nenhum documento". Essa é mais uma "revelação" - como se o Nikolaev preso tivesse documentos pessoais ou em qualquer lugar que ateste isso. (280) No entanto, esta afirmação de Nikolaev é interessante e requer uma análise mais aprofundada. Vamos examiná-lo em um capítulo posterior.

  • * Segundo Kirilina Nikolaev declarou em uma confissão de 4 de dezembro de 1934 que

  • "ele era membro de uma organização contrarrevolucionária subterrânea", que seus "participantes aderiram à plataforma do bloco trotskista-zinovievista". "A antiga oposição tinha suas próprias contas específicas para resolver com Kirov em conexão com a luta que ele havia organizado contra os oposicionistas de Leningrado" (281).

  • Desde o início dos anos 80, soubemos, desde a própria caneta de Trotsky, que realmente existia um "bloco trotskista de direita" envolvendo Zinoviev e Kamenev.

  • Kirilina afirma:

  • A propósito, nenhum dos que confessaram do "centro de Leningrado" nomeou Nikolaev ou Shatski entre seus membros. (283) Isto é simplesmente falso. No texto do interrogatório de Zvezdov em 12 de dezembro no livro de Lenoe, lemos:

  • Pergunta: Estabeleça para nós os membros do Centro e os outros ramos da organização de Leningrado.

  • Resposta: A associação é a seguinte:

  • 1. O centro de Leningrado era formado por:

  • a. Rumiantsev, Vladimir - chefe da organização.

  • b. Kotolynov, Ivan.

  • c. Tsarkov, Nikolai.

  • [...]

  • h. Nikolaev, Leonid. (Lenoe 310)

  • Três dos presos e julgados ao lado de Nikolaev pelo assassinato de Kirov - Levin, Sositskii e Miasnikov - eram trotskistas. (Kirilina 290). Lenoe admite isso no tratamento do incidente, mesmo apontando que há alguma evidência que o cônsul letão, Bissenieks, de fato deu algum dinheiro a Nikolaev. Bissenieks nunca negou ter se encontrado com Nikolaev. (Lenoe 382-3) Além disso, Nikolaev falava a linguagem da oposição. Sabemos que outros - presos em conexão com o caso, como Evdokimov e Gorshenin, também o fizeram. Kotolynov e outros membros do grupo zinovievita foram brevemente expulsos do Partido em 1927 por atividades "trotskistas". Teria sido natural para conspiradores de nível inferior procurar uma conexão com Trotsky.

  • Como Kirilina observa, a NKVD também não considerou a evidência de uma empresa de "conexão Trotsky" naquela época (291). Mas a afirmação de Nikolaev de ter pedido para se conectar com Trotsky naturalmente pareceria valer a pena persegui-los. Os investigadores são treinados para acompanhar todas as possibilidades de investigação. E certamente não é evidência contra a existência de uma conspiração!

  • Em relação ao julgamento de "Zinoviev-Kamenev", em agosto de 1936, Kirilina afirma que não havia evidências materiais:

  • Mais uma vez, nenhum documento, nenhuma evidência material e nenhuma testemunha externa foram apresentadas no julgamento. Toda a acusação foi construída exclusivamente sobre a auto-incriminação do acusado ... (367)

  • Em seguida, nas páginas 368-9, Kirilina justapõe passagens do julgamento de Zinoviev e Kamenev em janeiro de 1935 a algumas passagens da transcrição do julgamento de agosto de 1936. Embora Kirilina não o reconheça, esta seção de seu livro foi extraída diretamente do "Boletim da posição de Op" de Trotsky, nº 52, de outubro de 19361 Kirilina até imita palavra por palavra a afirmação de Trotsky de que nem um único documento, nem uma única evidência material foi apresentada no julgamento. (367)

  • No entanto, Trotsky admitiu que o passaporte hondurenho de V. Ol'berg, com o qual ele entrou ilegalmente na URSS e que, em seu testemunho, foi obtido com a ajuda dos trotskistas alemães, constituiu um pedaço de "evidência material". Kirilina oculta essa parte da declaração de Trotsky de seus leitores, enganando-os, pois pelo menos essa "evidência material" foi apresentada no julgamento.

  • Além disso, sabemos que o próprio Trotsky estava enganando seus leitores nesta discussão do julgamento de agosto de 1936 em Moscou, como havia feito na discussão sobre o assassinato de Kirov no nº 41 do "Boletim da posição de Op". Para Trotsky e seu filho Leon Sedov discutiram entre si o "bloco" de trotskistas, zinovievitas e outros. De fato, esse bloco foi formado em 1932, como declarado no depoimento de Moscou em agosto de 1936. Sedov informou a seu pai que Zinoviev e Kamenev faziam parte do bloco. Discutiremos essa questão em outro capítulo.

  • Tudo isso Trotsky e seu filho negaram em público. Isso já era bastante natural - de fato, se eles pretendessem preservar sua conspiração clandestina na URSS. Mas essas informações sobre o bloco foram descobertas e publicadas pelo historiador de Trotsky Pierre Broue em 1980. Em 1991, foi discutido novamente em um artigo na O jornal soviético "V oprosy Istorii KPSS" ("Questões de História da CPSU") pelo historiador americano Arch Getty. Foi publicado novamente na Rússia em um trabalho publicado em 1995 por Vadim Rogovin, que o citou. O livro de Kirilina foi publicado em 2001. Ela sabia ou deveria saber do bloco e informou seus leitores.

  • Como exemplo final da desonestidade de Kirilina, considere o seguinte:

  • Na revista japonesa "Kiitso", de abril de 1939, Llushkov publicou materiais nos quais ele rejeita categoricamente qualquer envolvimento de Yagoda na conspiração contra Kirov. Llushkov estava em 4 Llteinyi pereulok Oane, na NKVD, perto de Agranov, quando Stalin telefonou para o último e ordenou que ele enviasse Borisov ao Smolny para interrogatório. Agranov imediatamente deu as instruções apropriadas. Faltavam apenas 30 minutos para o momento da ligação de Stalin até o momento do acidente de carro com Borisov, como Liushkov apontou. E podemos concordar com a opinião de Liushkov de que esse período de tempo era simplesmente insuficiente para organizar o assassinato de Borisov (353).

  • Isso pode ser apenas uma declaração deliberadamente enganosa.

  • * Nos interrogatórios pré-julgamento e no julgamento, Yagoda insistiu várias vezes em que ele tinha alguma coisa a ver com a morte de Borisov, ao mesmo tempo em que insistia em estar envolvido na conspiração para matar Kirov. Kirilina cita a falta de participação de Yagoda no primeiro como evidência contra a confissão de Yagoda ao segundo.

  • *Kirilina claramente nunca leu o artigo de Liushkov na revista Kaizo ("Reconstrução") de abril de 1939. Se tivesse visto, teria visto que Llushkov insistia que Yagoda estava realmente envolvido em uma conspiração — para forçar Zinoviev e Kamenev a confessar falsamente os argumentos de Kirov. No julgamento de agosto de 1936, Liushkov também afirmou que Shatskii era o único co-conspirador de Nikolaev no assassinato de Kirov. Kirilina certamente não omitiu esses detalhes importantes do artigo de Liushkov, se ela realmente o tivesse lido. Portanto, ela deu aos leitores a falsa impressão de que havia lido o artigo de Llushkov, mas na realidade nunca o fez. Em seu livro, Lenoe cita detalhadamente o artigo de Llizkov em Kaiz, definindo-o como a evidência mais forte agora disponível de que Nikolaev era um "atirador solitário". Em um capítulo posterior do presente trabalho, também examinamos o artigo e demonstra que a interpretação de Lenoe está incorreta. Lenoe, no entanto, leu claramente o artigo de Llushkov. É igualmente claro que Kirilina nunca leu.

  • Liushkov estava mentindo. Neste artigo, que foi escrito para fins de propaganda, como mostraremos.

[1] EINSTEIN, A. Cartas. Acesso em <https://archive.org/details/TheBornEinsteinLetters/page/n1/mode/2up>. Pag. 75. Acesso em 10 de Abril. Tradução Nossa. [2] FURR, Grover. Evidências da Colaboração de Trotsky Com Alemanha e Japão. Disponível em: <http://comunidadestalin.blogspot.com/2013/02/evidencias-da-colaboracao-de-leon.html>. Acesso em 05 de Abril. Pag. 10. [3] DAVIES, J, E. Atrás dos Ensaios de Moscovo. Disponível em: < https://neodemocracy.blogspot.com/2017/05/excerpts-from-mission-to-moscow.html>. Acesso em 10 de Abril. Tradução Nossa. [5] INSTITUTO, Marx, Engels, Lenin. Lenin sua vida e sua Obra. Rio de Janeiro: Editorial Vitória. Pag. 141. [6] LOSURDO, D. Stalin História Crítica de Uma lenda Negra. Rio de Janeiro: Revan. Pag. 70. [7] A, KAHN; M, SAYERS. A Grande Conspiração: A Guerra Secreta Contra União Soviética. São Paulo: Brasiliense. 1959. 33. Sexta Edição. [8] LOSURDO, D. Stalin História Crítica de Uma lenda Negra. Rio de Janeiro: Revan. Pag. 70. [9]BLAND, B. O Testamento de Lenin. Acesso em 10 de abril de 2020. Disponível em: <https://www.cienciasrevolucionarias.com/post/o-testamento-de-lenin> [10] Mesmo no melhor dos resumos, as principais discordâncias de Lenin e Trotsky, nos custariam 4 páginas, assim, não a citaremos por completo, mas indicamos o texto e a referência acima, porque cumprem o papel de informar com exatidão esse resumo. [11] A, KAHN; M, SAYERS. A Grande Conspiração: A Guerra Secreta Contra União Soviética. São Paulo: Brasiliense. 1959. 33. Sexta Edição. [12] Idem. Pag. 35. [13] Em Brest-Litovsk, Trotsky, como "revolucionário mundial", recusou- se a assinar a paz com a Alemanha, admitindo embora o exército russo não podia lutar por mais tempo, alegando que essa paz representava uma traição à revolução internacional. Com esse fundamente), Trotsky recusava-se a cumprir as instruções de paz de Lenin. Mais tardo alegou que assim agira por não ter compreendido bem a situação. Em Brest-Litovsk, Trotsky, como "revolucionário mundial", recusou-se a assinar a paz com a Alemanha, admitindo embora que representava uma traição à revolução internacional. Com esse fundamente), Trotsky recusava-se a cumprir as instruções de paz de Lenin. Mais tardo alegou que assim agira por não ter compreendido bem a situação. Na conferência do Partido Bolchevique de 3 de outubro de 1918, depois do terem os alemães atacado a Rússia Soviética e terem quase atingido Petrogrado, e esmagado o regime soviético, Trotsky declarou: "Julgo meu dever confessar nesta autorizada assembleia, na hora em que muitos de nós. inclusive cu, duvidavam se ora admissível para nossa assinatura da paz om Brest-Litovsk, unicamente, o camarada Lênin sustentou teimosamente, com admirável clarividência e contra a nossa oposição, que deveríamos assinar a paz... E agora temos de admitir que não tínhamos razão." A atitude de Trotsky em Brest-Litovsk não foi um fato isolado. Enquanto Trotsky agitava em Brest-Litovsk, seu principal lugar-tenente pessoal em Moscou, Nicolai Krestinskv, atacava públicamente Lenin e talava cm iniciar "a guerra revolucionária contra o imperialismo alemão, a burguesia russa e parte do proletariado liderada por Lenin." Bukharin, sócio de Trotsky, nesse movimento de oposição, sustentou uma resolução aprovada om um congresso especial do chamado grupo de Esquerda Comunista em Moscou e que estabelecia: "No interesse da revolução internacional consideramos conveniente consentir na ruína do poder soviético, que atualmente se tornou puramente formal." Em 1923, Bukharin revelou que por detrás dos bastidores, durante a crise de Brest-Litóvsk, havia um plano em organização entre os oposicionistas para dividir o Partido Bolchevique, derribar Lenin e estabelecer um novo governo russo. Idem. Ibidem. [14] Idem. Pag. 206. [15] Idem. Pag. 163. [16] Idem. Pag. 232. [17] Idem. Ibidem. [18] Idem. Ibidem. [19] Idem. Pag. 203. [20] LOSURDO, D. História Crítica de Uma lenda Negra. Rio de Janeiro: Revan. 2010. Pag. 89. [21] A, KAHN; M, SAYERS. A Grande Conspiração: A Guerra Secreta Contra União Soviética. São Paulo: Brasiliense. 1959. 234. Sexta Edição. [22]Ver: KRUPSKAYA. Porque é que a segunda Internacional defende Trotsky. <https://www.marxists.org/portugues/krupskaia/1937/mes/trotsky.htm> [23] Ver TOGLIATTI. Chefe da classe operária italiana. <https://www.marxists.org/portugues/togliatti/ano/mes/gramsci_25.htm> [24] MI Ulyanova. Sobre as Relações entre Lenin e Stalin. Apud in: Org. Klaus Scarmeloto. Em defesa de Stalin: Textos Biográficos. São Paulo: ciências revolucionárias. Pag. 381-382. [25] Cohen (1975). Pag. 344. Apud in: LOSURDO, D. Stalin: História Crítica de Uma lenda Negra. Rio de Janeiro: Revan. Pag. 70. [26] Thurston (1996). PP.20-23. Apud LOSURDO, D. Stalin História Crítica de Uma lenda Negra. Rio de Janeiro: Revan. Pag. 71. [27] FURR, Grover. Evidências da Colaboração de Trotsky Com Alemanha e Japão. Disponível em: <http://comunidadestalin.blogspot.com/2013/02/evidencias-da-colaboracao-de-leon.html>. Acesso em 05 de Abril. Pag. 10. [28] GETTY, John Arch. O Assassinato de Kirov. Disponível em: <https://www.cienciasrevolucionarias.com/post/o-assassinato-de-sergei-kirov>. Acesso em 31 de Março. [29] Anexo ao fim desta obra com a fonte. [30] MARTENS, Ludo. Stalin um novo olhar. Disponível em: <https://www.marxists.org/portugues/martens/1994/olhar/11.htm#tr50>. Acesso em 1 de Abril de 2020. [31] A, KAHN; M, SAYERS. A Grande Conspiração: A Guerra Secreta Contra União Soviética. São Paulo: Brasiliense. 1959. Pag. 275. Sexta Edição [32] MARTENS, Ludo. Stalin um novo olhar. Disponível em: <https://www.marxists.org/portugues/martens/1994/olhar/11.htm#tr50>. Acesso em 1 de Abril de 2020. [33] MARTENS, Ludo. Stalin um novo olhar. Disponível em: <https://www.marxists.org/portugues/martens/1994/olhar/11.htm#tr50>. Acesso em 1 de Abril de 2020. [34] Idem. [35] Idem. [36]Littlepage, John (1937). In Search of Soviet Gold.. Disponível em: <https://archive.org/details/in.ernet.dli.2015.80968/page/n15/mode/2up>. P.6. Tradução nossa. Acessado em 5 de Março. [37] Tzouliadis, Tim, The Forsaken, Penguin, New York, 2008, pp 164-166Idem, Ibdem. Pag. [38] Littlepage, John (1937). In Search of Soviet Gold.. Disponível em: <https://archive.org/details/in.ernet.dli.2015.80968/page/n15/mode/2up>. P.6. Tradução nossa. Acessado em 5 de Março. [39] Idem. Pag. 7. [40] Idem. 188-199 [41] Idem. 99. [42] Tzouliadis, Tim, The Forsaken , Penguin, New York, 2008, pp 164-166 [43] Idem, ibdem. [44] Idem, ibdem. [45]Littlepage, John (1937). In Search of Soviet Gold. Disponível em: <https://archive.org/details/in.ernet.dli.2015.80968/page/n15/mode/2up>. P.194. Tradução nossa. Acessado em 5 de Março. [46]Tzouliadis, Tim, The Forsaken , Penguin, New York, 2008, pp 164-166. [47] Idem, ibidem. [48] A, KAHN; M, SAYERS. A Grande Conspiração: A Guerra Secreta Contra União Soviética. São Paulo: Brasiliense. 1959. Pag. 264. Sexta Edição. [49] John Rettie,"The day Khrushchev denounced Stalin", BBC, 18 February 2006. [50] O texto foi publicado no jornal Известия ЦК КПСС(Izvestiya CK KPSS; Reports of the Central Committee of the Party), em 3 de março de 1989. [51]. Khrushchev, Le rapport secret. Ed. Sociales, p. 200. Apud in: MARTENS, Ludo. A URSS e a Contrarrevolução de Veludo. Raízes da América: São Paulo. Pag. 33-34. [52] FURR, Grover. Os Arquivos de Moscou Falam. Acesso em 05 de abril. Disponível em: < https://www.cienciasrevolucionarias.com/post/os-arquivos-de-moscou-falam> [53] FURR, Grover. Trotsky Mentiu. Disponível em: < https://www.cienciasrevolucionarias.com/post/2016/05/03/top-10-mustread-classics>. Acesso em 01 de Abril. [54] Kirilina (1995). P. 193.Apud in: LOSURDO, D. Stalin: História Crítica de uma lenda Negra. Rio de Janeiro; 2010. Pag. 71. [55] SERGEYEV, Artyom. Sobre a Amizade de Stalin e Kirov. Entrevista com Correspondente. Disponível em: < http://stalinism.ru/zhivoy-stalin/vspominayu-stalina.html?start=8>. Acesso em 01 de abril de 2020. Tradução nossa. [56] Kirilina (1995). Pag. 193. Apud in: LOSURDO, D. Stalin: História Crítica de uma lenda Negra. Rio de Janeiro; 2010. Pag. 71. [57] Klelevniuk (1998). Pag. 203. Apud in: LOSURDO, D. Stalin: História Crítica de uma lenda Negra. Rio de Janeiro; 2010. Pag. 72. [58] Kirilina. Pag. 203. Apud in: LOSURDO, D. Stalin: História Crítica de uma lenda Negra. Rio de Janeiro; 2010. Pag.72. [59] Trotsky (1988). Pag. 573 e 575. Apud in: LOSURDO, D. Stalin: História Crítica de uma lenda Negra. Rio de Janeiro; 2010. Pag. 72. [60] Trotsky (1988). Pag. 986. Apud in: LOSURDO, D. Stalin: História Crítica de uma lenda Negra. Rio de Janeiro; 2010. Pag. 72. [61] Trotsky (1967). Pag. 655. Apud in: LOSURDO, D. Stalin: História Crítica de uma lenda Negra. Rio de Janeiro; 2010. Pag. 72. [62] Idem, Ibidem. [63]Trotsky (1988). Pag. 854. Apud in: LOSURDO, D. Stalin: História Crítica de uma lenda Negra. Rio de Janeiro; 2010. Pag. 73. [64] Trotsky (1988). Pag. 851. Apud in: LOSURDO, D. Stalin: História Crítica de uma lenda Negra. Rio de Janeiro; 2010. Pag. 73. [65] Trotsky (1967). Pag. 75 Apud in: LOSURDO, D. Stalin: História Crítica de uma lenda Negra. Rio de Janeiro; 2010. Pag. 73. [66] Kirilina (1995). P,67-70. Apud in: LOSURDO, D. Stalin: História Crítica de uma lenda Negra. Rio de Janeiro; 2010. Pag. 73. [67] Trotsky (1988). Pag. 857. Apud in: LOSURDO, D. Stalin: História Crítica de uma lenda Negra. Rio de Janeiro; 2010. Pag. 74. [68] Trotsky (1988). Pag. 553. Apud in: LOSURDO, D. Stalin: História Crítica de uma lenda Negra. Rio de Janeiro; 2010. Pag. 74. [69] 28 de Dezembro de 1934; Trotski, L’appareil policier du stalinisme, UGE, 10-18, 1976, pp. 26-27. Apud in: MARTENS, Ludo. Stalin um novo olhar. Disponível em: <https://www.marxists.org/portugues/martens/1994/olhar/11.htm#tr50>. Acesso em 1 de Abril de 2020. [70] SOUSA, Mario. The class struggle during the thirties in the Soviet Union. The purges of the CPSU and the political trials. 2001. Disponível em: <http://www.mariosousa.se/TheclassstruggleduringthethirtiesintheSovietUnion050801.html>. Acesso em 2 de Abril (Tradução Nossa). [71] Muito antes de Gorbachev liberar os arquivos soviéticos, em 1945, já havia extensivo material de arquivo nas mãos do Ocidente e dos EUA. Quando a Alemanha nazista invadiu a União Soviética durante a Segunda Guerra Mundial, os nazistas chegaram aos arredores de Moscou e Leningrado. As tropas alemãs ocuparam o oblast ocidental — a região ocidental, que tinha como centro a cidade de Smolensk — a partir de 1941. Em Smolensk, os nazistas encontraram os arquivos da região ocidental, que por algum motivo não haviam sido destruídos pelas tropas soviéticas em retirada. Esses arquivos foram encaminhados para a Alemanha no mesmo ano. No final da guerra, em 1945, os arquivos de Smolensk chegaram à terra na zona de ocupação americana da Alemanha. Embora eles pertencessem à União Soviética, um aliado dos Estados Unidos na época, os generais americanos que os possuíram naturalmente, no interesse imperialista, encaminharam-nos para os EUA. Hoje, esses arquivos Smolensk podem ser encontrados nos Arquivos Nacionais dos Estados Unidos. Os arquivos Smolensk são muito grandes. Com algumas exceções, todos os atos importantes do Partido Comunista da região ocidental são reunidos lá, desde registros de membros e diretrizes políticas em todos os níveis, até trechos de discussões e debates em reuniões, incluindo os da instituição líder da área, a saber: Organismo. Todos os aspectos da vida política estão incluídos, desde políticas agrícolas e estratégias industriais até o planejamento das férias anuais dos trabalhadores. Documentos sobre expurgos partidários na região ocidental são mantidos lá. Os arquivos de Smolensk devem ser uma mina de ouro para todos aqueles que buscam uma visão do funcionamento da sociedade soviética. No entanto, os arquivos Smolensk foram muito pouco utilizados. RULLE, Ella. The purges of the CPSU in the 1930s. Disponível em: <http://stalinsociety.net/?p=192 >. Tradução nossa. [72]Trotsky (1988). Pag. 856-61. Apud in: LOSURDO, D. Stalin: História Crítica de uma lenda Negra. Rio de Janeiro; 2010. Pag. 74. [73] Trotsky (1988). Pag. 861. Apud in: LOSURDO, D. Stalin: História Crítica de uma lenda Negra. Rio de Janeiro; 2010. Pag. 74. [74]MARTENS, Ludo. Stalin um novo olhar. Disponível em: <https://www.marxists.org/portugues/martens/1994/olhar/11.htm#tr50>. Acesso em 1 de Abril de 2020. [75] Getty 34, n. 18. [76] Jan Van Heijenoort, Com Trotsky no Exílio: de Prinkipo até Coyoacan. Cambridge: Harvard University Press, 1978. [77] FURR, Grover. Evidências da Colaboração de Trotsky Com Alemanha e Japão. Disponível em: < http://comunidadestalin.blogspot.com/2013/02/evidencias-da-colaboracao-de-leon.html>. Acesso em 05 de Abril. Pag. 10. [78] FURR, Grover. Evidências da Colaboração de Trotsky Com Alemanha e Japão. Disponível em: < http://comunidadestalin.blogspot.com/2013/02/evidencias-da-colaboracao-de-leon.html>. Acesso em 05 de Abril. Pag. 11. [79] Idem. Pag. 12 [80] J Arch Getty, "Trotsky no exílio: a fundação da Quarta Internacional",Soviet Studies, Vol.38, No. 1, janeiro de 1986, pp. 24-35. Tradução Nossa. [81] Furr e Dobrov, Bukharin na plakhe, artigo de Grover Furr publicado recentemente, mas ainda no prelo quando esse artigo foi publicado (2009). [82] Joseph E. Davies. Mission à Moscou. Ed. de l’Arbre, Montreal, 1944, pp. 243-244. Apud in: MARTENS, L. Stalin um novo olhar. Disponível em < https://www.marxists.org/portugues/martens/1994/olhar/11.htm#tr105> . Acesso 01 de Abril. [83] DAVIES, J, E. Atrás dos Ensaios de Moscovo. Disponível em: < https://neodemocracy.blogspot.com/2017/05/excerpts-from-mission-to-moscow.html>. Acesso em 10 de Abril. [84] Jules Humbert-Droz, De Lenin a Stálin, Dez anos ao serviço da internacional comunista, 1921-1931. (Neuchatel, a la balconniere, 1971). Para maiores discussões, vejam Furr e Dobrov, “A primeira observação sobre a confissão de Nikolai Bukharin na Lubianka”.




















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2 comentários


Klaus A FILHO
28 de ago. de 2020

Corrigiremos agora que o trabalho será ampliado.

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jpdark002
22 de ago. de 2020

As citações no texto e as fontes não correspondem Por exemplo, no início do texto há a citação 1, 2 e 3, sendo a terceira correspondente ao Joseph. E. Davies Ex-Embaixador dos EUA na URSS.

Logo em seguida, após esta declaração de Joseph Davis, recomeçam os números 1, 2 e 3; enquanto que nas fontes abaixo do texto só há fonte correspondente às 3 primeiras, ignorando as citações 1, 2 e 3 subsequentes, logo em seguida há a citação de número 4 em que não há correspondência nas fontes e isto está a prejudicar na leitura e na hora de conferir a veracidade das mesmas, por favor, corrija, pois este texto é crucial para se desmentir as calúnias dos trotskystas.

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