O Legado da Grande Guerra Pátriótica para o presente
Para comemorar e honrar a vitória final sobre o nazifascismo no dia 9 de maio de 1945, nós das edições ciências revolucionárias, trazemos ao público brasileiro a tradução do capitulo “falsificação da história”, do livro “A vitória soviética do nazifascismo”, de Harpal Brar.
Trata-se de um registro necessário para examinar os fatos durante a Segunda Guerra Mundial, período no qual o povo soviético gigante se ergueu contra o ataque nazista na defesa da pátria liderados pelo camarada Stalin que, com precisão, formulou as estratégias de defesa como, também, conseguiu prever a durabilidade da guerra.
Pelos interesses de toda a humanidade contra os invasores da horda hitlerista o povo soviético fez um heroico esforço.
Stalin como grande comandante do Exército Vermelho afirmou “a finalidade desta Guerra Patriótica de todo o povo contra os opressores fascistas não se reduz à conjuração do perigo que caiu sobre o país, mas implica a ajuda a todos os povos da Europa e do mundo que sofrem sob o jugo do fascismo alemão”[1].
A vitória dos Revolucionários de Outubro sobre o bloco do eixo nazifascista gerou grande motivação na batalha dos povos contra o imperialismo e mudou a geopolítica internacional no pós-guerra, alavancou as vitórias anticoloniais na América Latina, Ásia e África e fincou-se como um dos maiores feitos senão o maior da história da humanidade e do século XX que deve ser exaltado.
O camarada Pedro Pomar dirigente do Partido Comunista do Brasil numa reflexão publicada na revista problemas em 1949 conceituou: “nós a devemos à alta classe dos seus comandantes quadros militares educados e forjados na grande escola do patriotismo soviético do Partido de Lenin e de Stalin na ciência militar mais avançada de nossos dias a ciência militar soviética. E nós devemos a vitória ao gênio do camarada Stalin que foi seu artífice principal que é a maior encarnação viva das qualidades do povo soviético do regime socialista e do seu Partido e o herdeiro e continuador do grande Lenin”[2].
Mesmo com toda aparelhagem dos meios de comunicação, da guerra hibrida que fazem, e com a tentativa fajuta da historiografia imperialista de fuga da histórica, de simular e diminuir o êxito resolutivo do Exército Vermelho, nada em absoluto poderá esconder o enorme feito da URSS na solução da batalha contra o fascismo. A URSS por seu poderio econômico, sua mobilização social em conscientizar, com garra, seus soldados e cidadãos para vencer pela humanidade a guerra e, por fim, pelas suas forças produtivas militares, eliminou a maioria do efetivo em armas e homens do eixo, algo reconhecido pelo próprio exército nazista. Haider em 2 de agosto reconheceu os erros de avaliação: “está ficando cada vez mais claro que subestimamos o colosso russo que se preparou de modo consciente para a guerra”. Em agosto ele avaliou que os alemães já tinham perdido 10% de seus soldados que foram mortos ou feridos pela resistência até o final de julho. Em 15 de agosto ele anotou em seu diário: “Em vista da fraqueza de nossas forças e dos espaços infindáveis podemos jamais alcançar o sucesso”[3]. Quando a notícia da derrota em Stalingrado foi transmitida por rádio em Berlim em 4 de fevereiro de 1943 Goebbels registrou em seu diário: “As notícias de Stalingrado tiveram um efeito de choque no povo alemão” (Der Spiegel). Aparentemente era um sentimento geral. Um relatório do Serviço de Segurança da SS registrou que algumas pessoas de fato viram em Stalingrado “o começo do fim” e dizia-se que nos gabinetes de governo de Berlim havia “em certa medida uma nítida atmosfera de desespero iminente” (citado por Richard Evans)[4]
A nação soviética foi vitoriosa praticamente sozinha sobre o terceiro Reich e nada poderá provar o contrário principalmente os que dizem que o determinante foi tão somente a chegada dos aliados na Normandia que definiu a guerra — sendo, portanto, mais relevante do que a derrota dos nazifascistas em Kursk Stalingrado e Moscou —, nada mais falso.
Neste sentido a publicação deste excerto é uma contribuição para que não se faça revisão na história.
A nós cabe o exame crítico e, ao mesmo tempo, equilibrado sobre os fatores que podem influenciar posições problemáticas e excludentes da URSS e seu papel preponderante para o fim da guerra, aquelas que negam que a vitória da guerra foi soviética e comunista contra o nazifascismo.
Devemos esmagar todos os discursos que colocam a vitória contra o nazifascismo no colo do ocidente e dos países ditos liberais.
Cumpre dizer a verdade também a esquerda que não reconhece o papel da URSS e dos comunistas na segunda guerra mundial: os possíveis campos escorregadios e supremacistas reproduzidos por parte da esquerda são mero reflexo ao fato de que os revisionistas adotaram a linha antistalinista autofóbica. Este setor da esquerda julga mal todos os que, dentro do movimento comunista ou progressista, manifestam apreço na figura de Stalin e que, com ele, foram vitoriosos na segunda guerra mundial e merecem respeito e exaltação. Portanto, também devemos exaltar Mao Tsé-tung, Kim Il Sung, Ho chi minh e Giap, e, por fim Enver Hoxja, respectivamente os povos chineses, coreanos, vietnamitas, albaneses e tantos outros que com ajuda de Stalin e da URSS, venceram seus algozes fascistas e até mesmo do bloco imperialista não fascista.
Dito isto cumpre voltar a evidenciar a importância de um exame do significado da grande guerra como um todo para a humanidade no presente. E é, necessariamente esse:
Toda a humanidade trabalhadora deve comemorar desmedidamente o aniversário de 75 anos da vitória dos povos proletários soviéticos sobre a ameaça da escravização nazifascista. A data de 9 de maio de 1945 deve pregar no coração os 27 milhões da Pátria Soviética que perderam sua generosa vida pela libertação da humanidade trabalhadora. É de suma importância aos que se pretendem comunistas e progressistas honrar a memória das centenas de milhares de bolcheviques de aço que estiveram na linha de frente da resistência antifascista. Em nome da emancipação humana devemos nos lembrar, acima de tudo, do legado da luta antifascista de todos os seus agentes e de todos que assim como o povo soviético cumpriram papel fundamental para que a guerra tivesse um final positivo tais como o marechal Stalin os Marechais V. Chuikov G. Zukhov A. Eremenko A. Vasilevsky; o sargento Pavlov; os franco-atiradores: Vassili Zaitsev Lyudmila Pavlichenko e Roza Shanina. Nossa comemoração deve ser festiva e nostálgica todos os anos, sendo feliz devido ao fato de que o nazifascismo foi destruído quase que exclusivamente pelos únicos representantes que lhe eram tanto em teoria como na prática seus inimigos: a esquerda comunista.
Muito embora o nazifascismo não tenha superado, em números, a carnificina e a confissão maléfica realizada tanto pelo império britânico quanto pelo imperialismo francês na Ásia e na África isto se deve evidentemente pelo fato de que a URSS e os comunistas pararam os nazistas muito antes do esperado! Por isto podemos dizer que não houve tempo e oportunidade para o eixo superar quantitativamente os massacres já realizados pelo imperialismo francês e britânico, pois suas atividades predatórias nazifascistas duraram apenas do começo da década de 1930 até meados de 1945. No entanto justamente por ter durado por volta de 15 a 25 anos, no máximo, o nazifascismo jamais poderia deixar de ser a força mais violenta porque foi a que a confessou a maior quantidade de atrocidades em menos tempo de existência já registrados na história da humanidade. Sua violência reacionária conservadora e genocida foi a mais eficiente máquina de morte de época, mas, felizmente, tivemos a URSS para colocar fim a tudo isso
KLAUS SCARMELOTO
FALSIFICAÇÃO DA HISTÓRIA
Por Harpal Brar,
Do livro "A vitória soviética sobre o fascismo"
Traduzido por KLAUS SCARMELOTO
Neste sexagésimo aniversário, durante o a festividade da humanidade progressiva, tornou-se comum a falsificação burguesa da história. Os ideólogos burgueses ocidentais, de caluniadores trotskistas a jornalistas magnatas de primeiro escalão, estão se ocupando em realizar malabarismos com fatos e falsificar eventos históricos. Existe uma espécie de divisão do trabalho entre a variedade trotskista de ideólogos burgueses, por um lado, e a ordinária ("comum" porque desprovida da adesão ao "marxismo" e a "esquerda" e, portanto, mais facilmente reconhecível e menos perigosa) ideólogos burgueses, por outro lado.
Este sexagésimo aniversário, como foi o caso do sexagésimo aniversário dos desembarques do Dia D no ano passado, foi saudado com uma torrente de cantos de dar enjoo, de hipócritas imposições na imprensa escrita e nos meios electrónicos imperialistas, com o único objetivo de esconder o verdadeiro significado, conteúdo e causas da segunda guerra mundial, e de depreciar a contribuição decisiva da URSS socialista para esmagar a máquina de guerra nazi, aparentemente invencível. Há dez anos, por ocasião do cinquentenário da vitória contra o fascismo, fomos alvo de manchetes como "O destino da Alemanha assentou no Atlântico", "Como Hitler foi derrotado pela sua própria loucura", etc., quando o facto é, como qualquer pessoa bem informada sabe, que o destino da Alemanha nazi foi selado na frente oriental, nas batalhas titânicas de Moscovo, Leningrado, Stalingrado e Kursk. Eis um exemplo, que caracteriza o impulso de toda a máquina de propaganda imperialista, precisamente o tipo de falsificação da história aludida acima:
A democracia britânica está viva e com boa saúde. Essa é a mensagem do povo deste país neste fim-de-semana de aniversário daqueles que lutaram para destruir o Terceiro Reich de Hitler há cinquenta anos atrás, eles foram inspirados por mais do que um amor ao país, por muito apaixonante que isso fosse.. Eles foram à guerra e conquistaram a vitória sobre o fascismo por uma causa maor. Isso infundiu seu patriotismo e lhes valeu grandeza imortal. As pessoas comuns sabiam em seus corações que o que estava em jogo não era menos do que a sobrevivência de valores simples e decentes: seu direito de serem ouvidos, de dizer o que pensavam sem medo de bater à porta ao amanhecer, de conduzir suas vidas de acordo com suas próprias luzes. Vive a vida, realizar seus negócios diários em liberdade sob a lei. Acima de tudo, formar e desfazer governos eleitos em seu nome. A luta e o sacrifício daqueles que batalharam na guerra européia permitiram que a Grã-Bretanha permanecesse uma nação soberana. Nunca esqueçamos que a bandeira vermelha, branca e azul da União que levantamos este fim de semana voou sozinha diante de uma tirania nazista que conquistou tudo antes da maré virar em 1942. Estávamos lutando por nossa própria liberdade e libertando a Europa do governo despótico. *
É claro que ninguém, exceto a pessoa mais maliciosa, negaria que o povo britânico comum, e os soldados britânicos que lutaram na segunda guerra mundial, se inspirassem no ideal de livrar a humanidade da ameaça do fascismo. Isso, no entanto, não está em questão. O que está em questão é a causa pela qual as classes dominantes da Grã-Bretanha, França e Estados Unidos entraram em guerra contra a Alemanha.
Todos os observadores objetivos concordam que o imperialismo britânico entrou em guerra contra a Alemanha nazista, não no interesse da liberdade e da luta contra o fascismo, mas para proteger seus próprios interesses colonialistas e imperialistas, depois de todas as tentativas de salvaguardar o mesmo por meio de apaziguamento (isto é, por troca da liberdade de outros povos em troca de salvar sua própria pele e interesses materiais) terem resultado num colapso ignominioso e escandaloso.
Eis, brevemente, os factos que levaram a bandeira da União a hastear sozinha "face a uma tirania nazi conquistadora antes de a maré mudar em 1942".
1. O ódio do imperialismo pela URSS
Todos os imperialistas, tanto os nazistas como os "democráticos", e todos os políticos imperialistas, social-democratas nada menos que os conservadores, foram despedidos por um ódio intenso à URSS, o único Estado socialista da altura, pela simples razão de que, através da construção socialista planeada, ela estava a construir uma nova vida para o seu povo, livre de exploração, opressão, desemprego, miséria e degradação. E isso numa época em que todo o mundo capitalista estava nas garras da pior crise até então, que forçara cinquenta milhões de trabalhadores à pilha de sucata, deixando-os sem emprego, sem teto e com fome. Somente a União Soviética era um farol brilhante e um exemplo para os trabalhadores do mundo de como suas vidas também poderiam mudar qualitativamente para melhor se apenas o poder estatal estivesse nas mãos da classe trabalhadora. Cercada como ela era por imperialistas sedentos de sangue, a URSS estava bem ciente dos perigos que a confrontavam. Sua liderança seguiu uma política extremamente complicada e singularmente científica sobre a questão da guerra com o imperialismo, que pode ser resumida a seguir.
2. A posição soviética da guerra contra o imperialismo
Primeiro, houve o esforço da União Soviética para não se envolver em uma guerra com o imperialismo
Segundo, uma vez que não cabia inteiramente a ela evitar tal guerra, então, se o imperialismo impusesse uma guerra à União Soviética, este não deveria se encontrar na posição de ter que lutar sozinho, muito menos de enfrentar o ataque combinado dos principais países imperialistas
Terceiro, para esse fim, as divisões entre os estados imperialistas fascistas, por um lado, e os estados imperialistas "democráticos", por outro, devem ser totalmente exploradas. Essas divisões eram reais, com base nos interesses materiais dos dois grupos de estados em consideração. O desenvolvimento desigual do capitalismo fez com que a Alemanha, a Itália e o Japão, depois de avançarem no desenvolvimento capitalista de suas economias (um desenvolvimento que tornara obsoleta a antiga divisão do mundo), exigissem uma nova divisão, que não podia deixar de invadir os interesses materiais dos estados imperialistas "democráticos". Assim, havia um alcance real para que esse conflito de interesses fosse explorado pela URSS socialista
Quarto, para esse fim, a URSS, seguindo uma política externa muito complicada, fez o possível para concluir um pacto de segurança coletiva com os estados imperialistas "democráticos", prevendo, no caso de tal agressão, ações coletivas contra os agressores.
Quinto, quando os estados imperialistas "democráticos", vencidos pelo ódio ao comunismo, recusaram-se a concluir um pacto de segurança coletivo com a URSS e continuaram sua política de apaziguamento dos estados fascistas, em particular da Alemanha nazista, em um esforço para dirigi-la a agressão em direção ao leste contra a União Soviética, esta foi forçada a tentar outro método de proteger os interesses da pátria socialista do proletariado internacional.
Discursando no décimo oitavo congresso do partido do PCUS em março de 1939, Stalin expôs os motivos por trás da política de não intervenção adotada pelos países imperialistas "democráticos", particularmente a Grã-Bretanha e a França, assim:
A política de não intervenção revela uma ânsia, um desejo de não atrapalhar a Alemanha, digamos, de se envolver em uma guerra contra a União Soviética, para permitir que todos os beligerantes afundem profundamente na lama da guerra, para encorajá-los sub-repticiamente nisso; permitir-lhes enfraquecer e esgotar-se; e então, quando se tornarem fracos o suficiente, aparecerão em cena com força renovada, aparecerão, é claro, "no interesse da paz" e ditarão condições aos beligerantes debilitados.
Além disso, referindo-se ao acordo de Munique, que entregou a Tchecoslováquia aos nazistas (o principal escritor do The Sunday Times citado acima, exibindo um "esquecimento" monumental, evitou cuidadosamente qualquer referência a esse pacto, temendo corretamente que tal referência exporia, imediatamente, a afirmação hipócrita de que a classe dominante britânica entrou em guerra contra a Alemanha nazista no interesse da luta contra o fascismo e por "valores decentes"), Stalin continuou:
Pode-se pensar que os distritos da Tchecoslováquia foram cedidos à Alemanha como o preço de um compromisso de iniciar uma guerra contra a União Soviética. . . *
Ao esboçar as tarefas da política externa soviética, e também como um aviso velado às classes dominantes nos países imperialistas "democráticos", Stalin passou a enfatizar a necessidade de "ser cauteloso e não permitir que nosso país seja atraídos para conflitos por vendedores que estão acostumados a fazer com que outras pessoas puxem castanhas do fogo para elas '. †
Foi assim que, diante da recusa intransigente da Grã-Bretanha e da França de concluir um pacto de segurança coletivo, e após o acordo de Munique, sobre o qual a União Soviética nem sequer foi consultada, que este virou a mesa a política externa da Grã-Bretanha e da França, assinando, em 23 de agosto de 1939, o pacto de não agressão soviético-alemão.
Sexto, ao assinar este pacto, a URSS não apenas garantiu que ela não lutaria sozinha com a Alemanha, mas também que esta lutaria contra as próprias potências que tentavam, por sua recusa em concordar com a segurança coletiva, envolver a URSS em uma guerra com a Alemanha. Em 1 de setembro de 1939, Hitler invadiu a Polônia. Dois dias depois, o ultimato anglo-francês expirou e a Grã-Bretanha e a França estavam em guerra com a Alemanha.
Naturalmente, é compreensível que o imperialismo ainda hoje ataque e acuse a URSS e Stalin de 'traição' por concluir o pacto de não agressão com a Alemanha (convenientemente 'esquecendo' que a verdadeira traição havia ocorrido em Munique um ano antes), pois esse pacto promoveu a causa do socialismo e a libertação da humanidade do jugo do fascismo. Mas aqueles lamentáveis marxistas que ainda, seguindo o imperialismo, continuam a criticar a URSS por concluir o pacto de não agressão entre a Alemanha e a União Soviética, precisam examinar suas cabeças. Eles poderiam fazer muito pior do que ouvir o professor austríaco Topitsch, de direita.
O professor Topitsch, cujas credenciais anticomunistas e simpatias pró-imperialistas são impecáveis, e que não podem, portanto, ser acusados de abrigar qualquer cantinho para Stalin ou a URSS que ele liderou, tem isso a dizer sobre o assunto em consideração:
Uma análise completa da interação dos principais eventos me levou à convicção de que Stalin não era apenas o verdadeiro vencedor, mas também a figura chave na guerra; ele era, de fato, o único estadista que tinha na época uma ideia clara e ampla de seus objetivos. *
Mais longe:
Os eventos do verão de 1939 mostram as consequências fatídicas da falta de qualidades estadistas de Hitler e de uma visão política orientada para o mundo, e fazem com que ele pareça muito inferior ao seu colega russo. No que diz respeito à inteligência política e ao estilo político, o relacionamento deles é como o de um jogador com um grande mestre de xadrez, e a afirmação de que o führer caiu como um estudante na armadilha armada por Moscou dificilmente pode ser exagerada. †
No pacto de Hitler-Stalin, o mesmo autor escreve:
Após a conclusão deste tratado, Hitler e Ribbentrop podem ter-se considerado estadistas do mais alto calibre; em vez disso, suas ações traíram uma assustadora falta de inteligência política. Enquanto Stalin havia ponderado minuciosamente sobre o conteúdo e a fraseologia dos acordos, seus números opostos eram obviamente incapazes de revisar cuidadosamente as conseqüências que poderiam resultar para a Alemanha desses documentos fatídicos. De fato, os dois tratados se encaixavam perfeitamente na estratégia soviética de longo prazo: envolver a Alemanha em uma guerra com britânicos e franceses, torná-la dependente da Rússia e, se surgir a oportunidade, provocar sua extinção como poder independente. De visão perspicaz, Stalin já estava pensando, neste estágio inicial, de obter um ponto de partida favorável para a realização de tais planos. *
Por seu Tratado de Neutralidade com o Japão, em abril de 1941, a União Soviética conseguiu alcançar no leste o que havia alcançado no oeste através do pacto de não agressão com a Alemanha.
Sétimo, as disposições do protocolo secreto adicional foram longe o suficiente para salvaguardar as "esferas de interesses" soviéticas, que se mostraram vitais para as defesas soviéticas quando a guerra realmente a atingiu.
Finalmente, o pacto de não agressão germano-soviético trouxe à União Soviética um período extremamente valioso de dois anos para fortalecer sua preparação para a defesa antes de entrar em uma guerra que sabia que não poderia ficar para sempre
Quando a guerra foi finalmente forçada contra a União Soviética, ela deu a contribuição mais heroica na vitória gloriosa e coroada dos aliados contra a Alemanha nazista. O Exército Vermelho e o povo soviético mostraram sua tenacidade e superioridade do sistema socialista, derrotando os nazistas na URSS e perseguindo-os até Berlim, libertando no país de processo após país da ocupação nazista e trazendo o socialismo para a Europa Oriental.
Todos os historiadores e políticos burgueses revolucionários e honestos concordam com o resumo acima. Somente os anticomunistas mais obstinados, particularmente os trotskistas, ousam contestar.
3. Previsões burguesas de um colapso soviético
No verão de 1941, através de uma combinação de sorte e alguns golpes ousados, os exércitos de Hitler expulsaram os britânicos do continente europeu e, assim, se tornaram os senhores da Europa Ocidental e Central, cujo povo gemia sob ocupação fascista. Hitler finalmente estava em posição de fazer guerra contra a URSS, que lançou sob o codinome Operação Barbarossa às 3h30 da manhã de 22 de junho de 1941.
Quando, naquele dia fatídico, o exército alemão cruzou a fronteira para a URSS, a maioria dos políticos e estrategistas militares burgueses ocidentais não deram a ela mais de seis semanas antes do que consideravam seu inevitável colapso diante das poderosas forças armadas alemãs. Obviamente, seu julgamento fora colorido pelo destino de países como Polônia e França, cada um deles prostrado em menos de duas semanas após a invasão do exército alemão. Eles também foram afetados pelo destino do exército britânico, tão humilhante expulso do continente no fiasco de maio de 1940, que leva o nome do espírito de Dunquerque.
Além disso, os ideólogos burgueses acreditavam em sua própria propaganda antissoviética no sentido de que o exército soviético havia sido "dizimado" e "decapitado" como resultado do julgamento e execução de Tukhachevsky e outros oficiais do exército sob acusação de traição e, portanto, estava sem nenhuma posição para resistir na guerra e contra atacar; que o partido bolchevique havia sido "desmentido" da liderança em conseqüência dos três julgamentos de Moscou dos principais trotskistas e bukharinitas, acusados de traição, assassinato, sabotagem e destruição; que, como resultado da coletivização "forçada", o campesinato estava mal-humorado e, portanto, muito provavelmente se revoltaria contra o regime soviético nas condições de guerra.
Em tudo isso, os ideólogos burgueses foram cruelmente iludidos.
Mesmo antes do início da guerra contra a União Soviética, o principal ideólogo imperialista, Leon Trotsky, fez, com alegria maliciosa, uma série de previsões sobre a derrota "inevitável" da URSS na guerra vindoura. Em sua Revolução Traída, ele escreveu:
Podemos, no entanto, esperar que a União Soviética saia da grande guerra vindoura sem derrota? A essa pergunta franca, responderemos com franqueza; se a guerra permanecer apenas uma guerra, a derrota da União Soviética será inevitável. No sentido técnico, econômico e militar, o imperialismo é incomparavelmente mais forte. Se não for paralisado pela revolução no oeste, o imperialismo varrerá o regime que saiu da Revolução de Outubro. *
Em 1940, perto do fim de sua vida — uma vida cheia de hostilidade irreconciliável com o leninismo — Trotsky, com um zelo digno de uma causa melhor, previu novamente a derrota da URSS e o triunfo da Alemanha hitlerita:
Sempre partimos do fato de que a política internacional do Kremlin era determinada pela nova aristocracia incapaz de conduzir uma guerra.
A casta dominante não é mais capaz de pensar no amanhã. Sua fórmula é a de todos os regimes condenados "depois de nós o dilúvio".
A guerra derrubará muitas coisas e muitos indivíduos. Artifícios, truques, armações e traições não serão úteis para escapar de seu severo julgamento. †
Stalin não pode fazer guerra com trabalhadores e camponeses descontentes e com um Exército Vermelho decapitado.
O nível das forças produtivas da URSS proíbe uma grande guerra. O envolvimento da URSS em uma grande guerra antes do final deste período significaria, em qualquer caso, uma luta com armas desiguais.
O fator subjetivo, não menos importante que o material, mudou nos últimos anos para pior...
Stalin não pode travar uma guerra ofensiva com nenhuma esperança de vitória. Se a URSS entrar na guerra com suas inúmeras vítimas e privações, toda a fraude do regime oficial, seus ultrajes e violência, inevitavelmente provocará uma reação profunda por parte do povo, que já realizou três revoluções neste século.
A guerra atual pode esmagar a burocracia do Kremlin muito antes de a revolução estourar em algum país capitalista. . . *
4. Previsões burguesas desmentidas
Não apenas Trotsky, mas também a burguesia imperialista (que pagou tão bem a Trotsky, e por quem abriu as colunas de sua imprensa, escrever esse lixo e vomitar tanto veneno antissoviético) acreditavam nessas afirmações infundadas. Portanto, foi uma surpresa total para os imperialistas quando a União Soviética, longe de entrar em colapso sob o ataque nazista, provou ser a única força, não apenas para resistir, mas também para derrotar e esmagar para destruir a máquina de guerra nazista.
Como sempre, e felizmente pela humanidade, todas as previsões de Trotsky foram totalmente desmentidas. Após reveses iniciais nas primeiras semanas da guerra, atribuíveis principalmente ao ataque surpresa nazista, as defesas soviéticas se endureceram. Logo eles revidaram. O resto do mundo, como Trotsky, havia dado à URSS apenas algumas semanas antes de entrar em colapso diante do ataque da máquina de guerra nazista supostamente invencível. O exército vermelho e o povo soviético, unidos sob a liderança do PCUS e seu supremo comandante Joseph Stalin, explodiram esse mito da invencibilidade nazista. As vitórias soviéticas nas batalhas titânicas de Moscou, Stalingrado, Kursk, Leningrado e Berlim serão para sempre apreciadas não apenas pelos povos da antiga, grande e gloriosa União Soviética, mas também por toda a humanidade progressista.
Cada uma dessas batalhas envolveu mais de um milhão de homens de cada lado e, nas palavras de Harrison E Salisbury:
Cada um infligia aos alemães o tipo de baixas que deixam uma marca duradoura não apenas em um exército, mas em uma nação. *
A Batalha de Moscou foi um evento épico... Envolveu mais de dois milhões de homens, 2.500 tanques, 1.800 aeronaves e 25.000 armas. As baixas foram horríveis em escala. Para os russos, terminou em vitória. Eles sofreram o impacto total da ofensiva alemã 'Blitzkrieg' e, apesar de suas perdas, eles foram capazes de montar um contra-ataque eficaz. Eles começaram a destruir o mito da invencibilidade alemã. †
É assim que o marechal Zhukov avalia o significado da Batalha de Moscou:
Os resultados finais da Batalha de Moscou provaram ser inspiradores para o lado soviético e deprimente para o inimigo.
Um general alemão, Westphal reconheceu que o exército alemão, uma vez considerado invencível, estava à beira da destruição. Os alemães perderam um total de mais de meio milhão de soldados, 1.300 tanques, 2.500 canhões, 15.000 caminhões e muitos outros equipamentos.
A contraofensiva soviética do inverno de 1941-42 foi conduzida sob condições difíceis de inverno nevado e frio e, o que é mais importante, sem superioridade numérica sobre o inimigo.
Pela primeira vez em seis meses de guerra, na Batalha de Moscou, o Exército Vermelho infligiu uma grande derrota às principais forças do inimigo. Foi a primeira vitória estratégica sobre a Wehrmacht desde o início da Segunda Guerra Mundial. As operações defensivas habilidosas [do exército soviético], o lançamento bem-sucedido de contra-ataques e a rápida transição para uma contraofensiva enriqueceram muito a arte militar soviética e demonstraram a crescente maturidade tática operacional estratégica dos comandantes militares soviéticos e o domínio militar aprimorado dos soldados soviéticos em todos os serviços.
A derrota da Alemanha em Moscou também teve grande importância internacional. O povo de todos os países da coalizão antinazista recebeu com grande entusiasmo as notícias da notável vitória do exército soviético. Toda a humanidade progressista vinculou essa vitória às suas esperanças de uma libertação próxima da escravidão fascista.
Os fracassos das forças alemãs em Leningrado, em Rostov, perto de Tikhvin e a Batalha de Moscou tiveram um efeito preocupante nos círculos reacionários do Japão e da Turquia e os forçaram a assumir uma política mais cautelosa em relação à União Soviética
Após a derrota dos alemães antes de Moscou, a iniciativa estratégica em todos os setores da frente soviético-alemã passou ao comando soviético. Após a derrota dos nazistas em Moscou, não apenas os alemães comuns, mas muitos oficiais e generais alemães ficaram convencidos do poder do estado soviético e reconheceram que as forças armadas soviéticas representavam um obstáculo insuperável à consecução dos objetivos de Hitler. *
O marechal Zhukov conclui seu relato da Batalha de Moscou com a seguinte pergunta e sua resposta:
Muitas vezes me fazem a pergunta: 'Onde estava Stalin na época da batalha de Moscou?'
Stalin estava em Moscou, organizando as forças e os meios para a derrota do inimigo. Ele deve receber o que lhe é devido. Como chefe do Comitê de Defesa do Estado, e com os membros da Sede Suprema e os líderes dos Comissariados do Povo, ele realizou um trabalho importante na organização de reservas estratégicas e dos meios técnico-materiais essenciais para a luta militar. Com suas exigências severas, ele conseguiu, pode-se dizer, quase o impossível. *
Aqui está outra avaliação, do extremo oposto do espectro político, da força soviética, que os hitleristas, intoxicados por sua própria propaganda enganosa e vitórias fáceis no Ocidente, falharam em levar em conta adequadamente
Topitsch salienta corretamente que a Operação Barbarossa se baseava em uma superestimação do poder alemão e uma subestimação do poder militar soviético, além de outras suposições, que começaram a se separar a partir do momento em que o exército alemão cruzou a fronteira soviética
Quando os alemães atravessaram a fronteira para o leste, o sentimento freqüentemente se apoderou deles - do führer ao soldado comum - de que eles estavam abrindo uma porta para o desconhecido, atrás do qual Stalin havia reservado surpresas perversas para eles, e que em a destruição final pode estar à espreita nos infinitos resíduos além. †
Após seus sucessos iniciais, conquistados com a vantagem tática de seu ataque surpresa à URSS, os nazistas começaram a acreditar que a vitória já era deles e se entregaram a planos fantásticos para o futuro.
Mas gradualmente ficou claro que a União Soviética não passava de um "colosso com pés de barro". Apesar das enormes perdas, essa vasta potência poderia continuar lançando novas massas de homens e materiais contra o invasor, e logo um número crescente de novos tipos de tanques e os temidos lançadores de foguetes apareceram nos campos de batalha. A vitória de catorze dias se transformou em uma guerra que durou pelo menos quatro anos, travada com a maior amargura de ambos os lados, e as dramáticas vitórias das primeiras semanas foram o começo do fim do Terceiro Reich. *
A energia cruel de Stalin garantiu que todas as reservas nas profundezas do país fossem mobilizadas. De fato, durante o curso dessa luta assustadora, a União Soviética se estendeu e deu um passo decisivo para se tornar uma superpotência. Por outro lado, a Alemanha estava efetivamente diminuindo a cada passo de sua exaustiva campanha no Leste. †
A rendição em 1 de fevereiro de 1943 em Stalingrado, pelo general fascista Von Paulus e 23 outros generais, hipnotizou o mundo. A vitória do Exército Vermelho em Stalingrado foi tão incrível quanto heroica. As perdas nazistas na área de Volga-Don-Stalingrado foram de um milhão e meio de homens, três mil e quinhentos tanques, doze mil armas e três mil aeronaves. Nunca antes a máquina de guerra nazista, acostumada a atropelar países em dias e semanas, sofreu uma derrota tão humilhante, uma derrota "na qual pereceram as flores do exército alemão. Foi contra o pano de fundo desta batalha que Stalin agora alcançou uma estatura quase titânica aos olhos do mundo '. *
A partir de agora, nada além de derrota encarou os alemães, levando todo o caminho até a entrada do Exército Vermelho em Berlim e a invasão do Reichstag em 30 de abril de 1945 — o mesmo dia em que o Fuhrer cometeu suicídio. Seis dias depois, Marshall-campo Wilhelm Keitel, agindo em nome do alto comando alemão, rendeu-se a Zhukov.
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